Valor Econômico
As vendas de etanol das usinas despencaram em janeiro no Centro-Sul – e a queda não se restringiu ao hidratado, que já vinha perdendo competitividade nos postos ante a gasolina. Também houve recuo na comercialização de anidro, que é misturado ao combustível fóssil. O movimento indica uma retração generalizada do consumo de combustíveis do ciclo Otto neste início de ano.
No mês passado, as usinas do Centro-Sul venderam 1,765 bilhão de litros de etanol, 32% menos que no mesmo mês do ano passado, segundo levantamento divulgado há pouco pela União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica).
No caso do etanol hidratado vendido para o mercado doméstico, que costuma representar a maior parte do volume comercializado, houve queda de 44%, para 917,8 milhões de litros. Em relação a dezembro, a retração foi da ordem de 20%.
Mas mesmo as vendas de etanol anidro, que até dezembro vinham registrando níveis mais elevados do que um ano antes, recuaram. Foram negociados em janeiro 794,8 milhões de litros do aditivo, baixa de 2% ante janeiro de 2021.
Em relação a dezembro, o volume vendido caiu 10%. Até dezembro, as vendas do produto estavam mais aquecidas justamente porque a gasolina estava mais competitiva do que o etanol hidratado nos postos de combustíveis.
As vendas ao exterior tampouco mudaram de curso. Recuaram 64,4% em janeiro, para 523 milhões de litros. “O que tem sido observado nas vendas de biocombustível por parte dos produtores está em linha com a queda no consumo de combustíveis do ciclo Otto”, afirmou Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, em nota.
O executivo observou que os preços do etanol já caíram cerca de R$ 1,05 o litro desde novembro, e que agora falta ser repassado ao consumidor. “A expectativa é de que esse recuo seja integralmente repassado aos consumidores finais pelos demais elos da cadeia de comercialização”, defendeu.