Folha de São Paulo
As vendas de diesel B pelas distribuidoras no país alcançaram o recorde de 65,5 bilhões de litros em 2023, alta de 3,6% na comparação com o ano anterior, enquanto as de gasolina C também registraram volumes históricos, apontaram dados divulgados pela reguladora ANP nesta quinta-feira (1º).
O avanço das vendas de diesel B —que já conta com adição de biodiesel— reflete boas safras agrícolas e melhora em indicadores econômicos, um cenário que deve se manter em 2024, ainda que em menor escala, disse Bruno Cordeiro, analista de mercado da consultoria StoneX.
As safras de milho e soja no ciclo 2022/2023 bateram recordes, impulsionando o uso do combustível tanto para a atividade produtiva, quanto para o escoamento dos grãos.
“Isso acaba permitindo um aumento da demanda por frete devido principalmente ao uso de caminhões e trens para o envio dos produtos agrícolas para os campos e posteriormente dos produtos agrícolas para demanda doméstica e para exportação, através dos portos”, afirmou Cordeiro.
A StoneX está revisando suas projeções de vendas de diesel para 2024, mas Cordeiro adiantou que seguirá acima da previsão anterior que apontava para um novo recorde, de 66 bilhões de litros.
“Isso se dá exatamente por perspectivas de safras fortes, tanto de soja quanto de milho, apesar das estimativas serem de uma produção menor frente a 2023, ainda são safras bem fortes. E também é um PIB que cresce, mas cresce menos”, disse Cordeiro.
“Esses dois fatores devem permitir que a gente tenha um crescimento portanto menor da demanda por diesel B em 2024”, ponderou.
Em dezembro passado, as vendas das distribuidoras de diesel B somaram 5,34 bilhões de litros, alta de 6% ante o mesmo mês de 2022, um recorde para o mês, segundo Cordeiro.
O especialista explicou que a forte demanda por diesel no último mês do ano passado reflete uma antecipação das compras dos postos de combustíveis diante da retomada de impostos federais em janeiro deste ano, o que também impulsionou as importações.
Gasolina
As vendas de gasolina C, já com adição de etanol anidro, somaram recorde de cerca de 46 bilhões de litros em 2023, alta de 6,9% ante o ano anterior, enquanto as de etanol hidratado foram de aproximadamente 16 bilhões de litros, alta de 5,1% no período.
O resultado reflete um consumo de gasolina importante ao longo do primeiro semestre, enquanto a paridade do combustível fóssil se manteve bem favorável ante o etanol hidratado, seu concorrente direto nas bombas.
“O consumo (de gasolina) foi muito elevado ao longo da primeira metade do ano, no caso da gasolina, permitindo que ela tivesse resultado bem positivo no fechamento anual”, afirmou, pontuando que o cenário se inverteu no segundo semestre.
Dessa forma, em dezembro, as vendas de gasolina somaram 4,12 bilhões de litros, queda de 7,1% ante o mesmo mês do ano anterior, principalmente devido à paridade de preços mais favoráveis ao biocombustível.
Cordeiro destacou que há atualmente ainda uma tendência de continuidade dessa paridade mais favorável ao etanol nas bombas, principalmente no Estado de São Paulo, devido uma alta estocagem do biocombustível.
As vendas de etanol hidratado em dezembro somaram 1,85 bilhão de litros, alta de 40,3% versus o mesmo mês de 2022.
Também nesta quinta, a Petrobras anunciou a redução média do preço do querosene de aviação em 0,4%.
(Reuters)