Veículos elétricos enfrentam dificuldades, mas CEO da GM ainda aposta no setor

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Folha de São Paulo

Os veículos 100% elétricos tiveram um ano difícil. As vendas foram decepcionantes, o ex-presidente Donald Trump os criticou regularmente e até mesmo muitos compradores têm optado por híbridos.
No entanto, a CEO da General Motors, Mary Barra, afirma que a empresa ainda está comprometida em eliminar os carros com motor de combustão nos Estados Unidos até 2035 —e ela pode ter bons motivos para seu otimismo.
A GM diz que começará a lucrar com modelos a bateria até o final do ano —tornando-se a única montadora dos EUA, além da Tesla, a alcançar esse feito. A empresa acabou de lançar O Equinox EV, que custa menos de US$ 30 mil (R$ 170,7 mil) após um crédito fiscal federal.
A Tesla tem impulsionado amplamente os elétricos. Mas as vendas desaceleraram, e seu CEO, Elon Musk, tem buscado focar em planos de longo prazo para construir táxis autônomos e robôs humanoides, enquanto diz pouco sobre novos modelos para consumidores.
Mary Barra foi a Spring Hill, Tennessee, ao sul de Nashville, para mostrar que a GM está falando sério sobre veículos elétricos e tranquilizar os investidores.
A GM reformulou uma fábrica na região para produzir Cadillacs elétricos, além de construir uma gigantesca linha de produção de baterias. Foram investidos mais de US$ 4 bilhões (R$ 22,7 bi).
Em 2022, dois anos após o início da pandemia, novos veículos elétricos foram rapidamente adquiridos. Isso não é mais verdade, mas as vendas nos EUA de tais carros e caminhões ainda cresceram cerca de 11% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior.
Os veículos elétricos agora representam 9% do mercado de carros novos, de acordo com a Kelley Blue Book. Alguns analistas esperam que atinjam 10% até o final do ano.
A GM se saiu especialmente bem durante o terceiro trimestre, registrando um aumento de 60% na comercialização neste segmento.
O compromisso pessoal de Barra com os veículos elétricos foi demonstrado no final do ano passado, quando problemas na fabricação de um componente da bateria interromperam a produção.
Uma vez que esse problema, que envolvia o empacotamento de células de bateria em módulos, foi resolvido, a GM aumentou rapidamente a produção nas fábricas de baterias em Spring Hill e em Warren, Ohio.
Ambas —e mais uma terceira em construção em Lansing, Michigan— fazem parte de uma joint venture com a LG Energy Solution, da Coreia do Sul. A GM está planejando uma quarta fábrica de baterias, em New Carlisle, Indiana, com a Samsung.
A GM recrutou vários executivos seniores do Vale do Silício para obter expertise em tecnologia. Em junho, a empresa contratou David Richardson, ex-Apple, para liderar o desenvolvimento de software.
Kurt Kelty, um ex-executivo de alto escalão da Tesla e da Panasonic, juntou-se à montadora em fevereiro como vice-presidente encarregado das baterias.
A GM também garantiu um fornecimento doméstico constante de lítio, um metal crítico para baterias, investindo em uma mina no estado de Nevada chamada.
Os EUA, onde a GM é mais forte, representam apenas 11% das vendas globais de veículos elétricos. A China representa 69%. Mesmo que a GM faça avanços em veículos elétricos no seu país sede, “estará liderando as vendas em um mercado que ainda está se movendo lentamente”, disse Karl Brauer, analista executivo da iSeeCars, um site de carros usados.
Mas à medida que o mercado de veículos elétricos se expande, a capacidade da GM de produzir milhões de carros pode trazer uma vantagem.
A GM oferece nove veículos elétricos de suas divisões Cadillac, Chevrolet e GMC. Isso é aproximadamente o dobro de modelos da Tesla, que concentra a maior parte de suas vendas em dois produtos.
Fortes vendas de veículos a gasolina e diesel ajudaram a GM a enfrentar as flutuações na demanda por elétricos, observou Kelty. “Talvez eu não devesse dizer isso, mas isso está trazendo muitos lucros, que permitem fazer algumas coisas realmente criativas e investir no futuro.”
A fábrica de baterias de Spring Hill permitiu que GM e LG se tornassem uma dos maiores fabricantes do segmento nos EUA. Isso coloca a empresa em uma posição de colher economias de custo que vêm com a produção em massa. São usados os mesmos módulos para muitos veículos diferentes, o que reduz os custos.
Ao construir esses componentes nos EUA, a montadora pode aproveitar os subsídios federais —que chegarão a US$ 800 milhões (R$ 4,5 bi) para a empresa neste ano. Os incentivos foram incluídos na Lei de Redução da Inflação, parte do esforço do governo Biden para criar uma indústria de baterias que não dependa da China.
Esses subsídios, entretanto, estão em risco. Trump prometeu revogar ou minar as políticas automotivas e energéticas do presidente Joe Biden caso seja eleito. Isso apresentará um dilema para os republicanos que dominam a política no Tennessee, na Geórgia e em outros estados do sul que mais se beneficiaram da Lei de Redução da Inflação.
O investimento da GM em Spring Hill, que já produziu carros da extinta marca Saturn, transformou a cidade situada em meio a campos verdes ondulantes. O censo de 2020 calculou a população em 50 mil habitantes, mas Jim Hagaman, o prefeito, disse que a localidade pode agora ter até 65 mil residentes.
Hagaman, que não é afiliado a um partido, disse que estava confiante de que o investimento da GM em Spring Hill não dependia da política. “Eles ainda vão construir carros”, disse.

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