Fonte: Valor Econômico
A melhora de alguns setores da economia fez com que a Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea) revisasse as estimativas para este ano. De acordo com a entidade as vendas de veículos devem chegar a 1,92 milhão de unidades, com uma queda de 31%. A perspectiva anterior, feita em julho, era de um recuo de 40%, com 1,67 milhão de emplacamentos.
Já a produção, segundo a Anfavea, deve cair 35% para 1,915 milhão de veículos. Em julho, a expectativa da entidade era de um declínio de 45%, chegando a 1,63 milhão de unidades. “ A indústria deve manter um estoque justo para ter mais certeza do volume do ano que vem e proteger o caixa das empresas. Isso agora é muito importante”, disse o presidente da Anfavea, Luiz Carlos de Moraes.
As exportações também devem cair menos que o esperado anteriormente. Segundo as novas estimativas, o recuo deverá ser de 34% em volume, chegando a 284 mil unidades. Já em valores, a perspectiva de queda é de 30%, chegando a US$ 6,8 bilhões. As estimativas anteriores eram de 53% de declínio em volume, com 200 mil veículos e 50% em valores, com US$ 4,9 bilhões.
Moraes ponderou, no entanto, que há fatores que podem afetar as estimativas para este ano. Segundo ele, a pressão dos custos, principalmente o de matéria-prima, como aço, plásticos e resina, é um dos motivos que podem levar a queda no mercado este ano acima de 31% como o esperado. “Uma estimativa de queda de mercado de 31%, mesmo que seja melhor, ainda é substancial. A produção deverá ficar abaixo de 2 milhões para um planejamento de 3 milhões no início do ano.”
Segundo ele, a preocupação é com o aumento dos custos em toda a cadeia automobilística, principalmente com os pequenos fornecedores de peças que não têm contratos de longo prazo com siderúrgicas, fabricantes de plásticos e resinas.
“Não tivemos problema de interrupção de entrega de aço nas montadoras, mas há expectativas de reajustes bem mais altos em 2021 e isso terá impacto no preço dos veículos. Mas, os fornecedores podem não conseguir cumprir os contratos, com isso existe risco de fornecimento de peças.” O aumento dos custos, no entanto, ocorre em função da escalada do dólar este ano. O aço, por exemplo, tem em sua principal matéria-prima, o minério de ferro, o preço dolarizado e a tonelada é negociada em mais de US$ 120.
Em setembro, as vendas de veículos caíram 12% no comparativo com o mesmo mês de 2019, para 207 mil unidades. No acumulado, o recuo foi de 32%, chegando a 1,37 milhão de licenciamentos de janeiro a setembro.
A produção apresentou queda de 11% em setembro e 41,1% no acumulado chegando a 220,16 mil e 1,331 milhão, respectivamente. “É difícil carimbar que a recuperação acontecerá em dois ou três anos. Será longa a recuperação.”
Com esse ritmo de produção, o nível de emprego na indústria chegou a 122,1 mil funcionários, em setembro, queda de 4,5 % em relação ao mesmo período de 2019. “É natural que as empresas façam ajustes de produção em função do mercado. O objetivo é ajustar a força de trabalho à nova demanda”.
Os estoques fecharam no mesmo nível de agosto, com 141,7 mil unidades o que representa 20 dias de vendas. “As montadoras estão adotando ritmo da produção sem criar estoques. Gestão do capital de giro é o grande desafio agora.”
As exportações também estão em ritmo de queda, segundo os dados da Anfavea. Em setembro, o recuo foi de 16,7% para 30,5 mil veículos exportados. A receita foi de US$ 693,2 milhões, queda de 14,1%. No acumulado, o volume embarcado somou 207,3 mil, 38,6% menor, com faturamento US$ 5 bilhões, recuo de 34%.