Estadão / Broadcast
A reavaliação da política de preços dos combustíveis já é apontada como o principal foco da gestão de Joaquim Silva e Luna na Petrobras. A medida não será desenhada isoladamente. A pessoas próximas, o general tem afirmado que os estudos sobre o tema envolvem outros órgãos do governo, especialmente os ministérios da Economia e de Minas e Energia. Engana-se quem imagina que a política instituída em 2016, na gestão de Pedro Parente, foi blindada ao ser incluída no estatuto da companhia. Até porque mudanças estatutárias são bastante comuns na rotina empresarial. De resto, a Petrobras não irá mudar de rumo. Pelo menos, não há risco de um cavalo-de-pau, como Silva e Luna tem confidenciado a interlocutores.
O plano estratégico 2021-2025, aprovado em novembro do ano passado, está “redondinho”, na avaliação do general. Será executado exatamente como previsto, inclusive em relação aos desinvestimentos programados, como o das oito refinarias, atualmente em curso.
Antes do anúncio público de que quatro diretores sairiam com Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras retirado do cargo por Jair Bolsonaro -, Silva e Luna entrou em contato com todos. As conversas foram por telefone e em tom bastante diplomático.
O general perguntou a cada um sobre o interesse em permanecer. Ouviu de cinco deles a negativa. Perguntou também se haveria alguém, na empresa que o executivo considerasse uma boa escolha para a substituição entre os funcionários de carreira da Petrobrás.
“A conversa foi muito interessante e, de certo modo, surpreendente”, disse à Coluna um executivo que pediu para não ser identificado. “Me pareceu uma boa pessoa. Só não sei se tem conhecimento do touro bravo em que vai se sentar.”
Presidente demitido por Bolsonaro continuou no cargo
Castello Branco não abandonou o barco, mesmo diante da fritura pelo presidente. Talvez tenha ficado para mostrar o lucro recorde de R$ 40 bilhões em 2020. Mas, além de questão profissional de tocar a transição de uma empresa como a Petrobrás, há uma implicação financeira em todo pedido de renúncia.
Quando renuncia, o executivo perde direito à remuneração variável. Na gestão Castello Branco, com a criação do Plano de Prêmio por Performance, o bônus é dado quando o lucro líquido anual supera R$ 10 bilhões. É vinculado a outras metas e pode representar, ao fim do exercício, um adicional correspondente a mais de dez salários.
Em resposta ao Broadcast, Castello Branco reiterou que seu contrato se encerra em 12 de abril. “Cumprirei minhas obrigações até lá. Por exemplo, a gestão da política de preços, o fechamento do contrato de compra e venda da RLAM e, inclusive, ajudar no processo de transição. Não peço demissão porque nunca manifestei tal intenção. Não me sinto constrangido em cumprir integralmente meu mandato. Conto com o apoio do Conselho de Administração, da diretoria e dos empregados da Petrobras e continuo a exercer meu papel normalmente.”