Setor de etanol do Brasil aposta em menor pegada de carbono para competir com os EUA no Japão

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Globo Rural

A comitiva brasileira que foi ao Japão buscou convencer as autoridades do país asiático a priorizar o etanol do Brasil no novo mandato de mistura do biocombustível à gasolina, com o argumento de que o produto tem a menor pegada de carbono do mercado. A estratégia faz frente à recente pressão do presidente americano Donald Trump para fornecer etanol ao Japão.

No fim de 2024, o Japão anunciou que elevará sua mistura de etanol à gasolina a 10% em 2030 e criará o mesmo mandato para o bioquerosene de aviação como estratégia de descarbonização. O país também olha com atenção para o desenvolvimento de motores a etanol para navios. O Japão já misura na gasolina o ETBE, feito de etanol com isobuteno, do qual o Brasil é um grande fornecedor.

O anúncio reavivou a competição entre Brasil e Estados Unidos. Em fevereiro, Trump recebeu o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, em Washington, e expressou o desejo de exportar etanol americano para reduzir o déficit comercial com o Japão.

Segundo um alto executivo de uma empresa brasileira de etanol, há receio de que a nova política japonesa de biocombustível acabe beneficiando mais o produto dos Estados Unidos do que o do Brasil.

Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), defendeu que o Japão adote “meta baseada em emissões, e não em volumes”. Se o Japão usar apenas etanol americano no novo mandato, o impacto na redução de emissões será de apenas “metade ou um terço” do que se abastecer apenas com etanol brasileiro, disse Gussi, que está em Tóquio..

Do lado ambiental, o etanol brasileiro tem vantagem sobre o americano, já que, em média, o biocombustível do Brasil emite 20 toneladas de carbono equivalente por megajoule de energia gerada, enquanto a intensidade de carbono média do etanol americano está em 50 toneladas de carbono por megajoule de energia.

Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem em Tóquio, o primeiro-ministro japonês citou os biocombustíveis do Brasil como de “alta qualidade”.

Para reforçar a preferência pelo etanol brasileiro, a Unica assinou ontem um memorando de entendimento com o Instituto de Economia da Energia do Japão (IEEJ).

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