Fonte: O Tempo
O desenvolvimento dos veículos elétricos, já disponíveis em diferentes modelos no Brasil, não deve prejudicar a produção de etanol. O setor prevê continuidade de crescimento no país, principalmente com o RenovaBio, política do governo federal que quer expandir a produção de biocombustíveis a partir de 2020. De acordo com o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, o motor elétrico é uma realidade, mas também pode ser uma oportunidade para o uso de etanol. O RenovaBio deve atrair investimentos anuais de R$ 9 bilhões do setor de etanol a partir de 2020 no país.
“Há várias formas de abastecer esse carro. Até o final do ano, vai ser lançado o primeiro híbrido flex do Brasil, que junta o motor à combustão com o motor elétrico para dar maior performance ao veículo. Acreditamos muito no consórcio de combustível líquido e biocombustível com a possibilidade de usar motor elétrico. Também temos no futuro próximo a possibilidade da célula de combustível, abastecida a partir de hidrogênio, que está no etanol”, afirma, destacando o custo e a demanda de infraestrutura para manter a frota como desafios dos elétricos.
Minas Gerais é o terceiro maior produtor de cana do Brasil, atrás de São Paulo e Paraná. A expectativa do Estado neste ano é moer 65 milhões de toneladas, 3% a mais do que na safra anterior. Segundo Campos, como a alíquota do ICMS do etanol no Estado é mais baixa do que a da gasolina, o preço do produto é mais competitivo. “Dessa forma, o mineiro tem colocado cada vez mais álcool nos veículos”, diz Campos.
As perspectivas e os desafios do setor sucroenergético foram discutidos nesta quarta-feira, no primeiro dia da 11ª edição do Megacana Tech Show, realizado em Campo Florido, no Triângulo Mineiro. Hoje, o governador Romeu Zema (Novo) visita a feira.
Para o diretor da Datagro, Guilherme Nastari, o etanol é mais vantajoso do que os veículos elétricos. “A densidade energética em uma bateria, quando comparada com o etanol, é baixa. “Por isso, estão desenvolvendo mais veículos pequenos, que andam pouco, fora dos padrões brasileiros”, afirma.
Para ele, o RenovaBio vai estimular as pessoas a consumirem mais combustíveis com menor índice de carbono, como o etanol. “Para o setor, é demanda. Nós temos 20 bilhões de litros de potencial para crescer, que é praticamente dobrar o que produzimos hoje”, conclui.
Subsídio da Índia gera reclamação
Enquanto o etanol está em crescimento, o preço do açúcar tem ficado abaixo dos custos de produção, segundo o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos. “Minas é o segundo maior produtor do país, e nossa plataforma é de exportação. No Triângulo Mineiro, foi criada uma logística muito adequada, com uso de ferrovia e terminais de transbordo. O Brasil é o maior exportador desse produto do mundo, mas, infelizmente, em função de outros países que também produzem e subsidiam a produção, os preços têm ficado muito aquém da expectativa”, afirma.
Neste mês, o Brasil pediu à Organização Mundial do Comércio (OMC) a instalação de um painel (comitê de investigação) contra a Índia com a justificativa de que os produtores brasileiros de açúcar têm perdas com os subsídios concedidos pelo país. “Essa decisão é significativa, porque hoje a Índia é o maior problema desse mercado”, diz Campos.
*A repórter viajou a convite da Siamig