EPBR
Levantamento da McKinsey indica que a frota brasileira de elétricos deve atingir 11 milhões de unidades em 2040 (híbridos + bateria), respondendo por mais de 20% dos veículos em circulação, e um mercado de US$ 65 bilhões.
Lançado nesta terça (7/3), em Brasília, durante a abertura do C-MOVE – Congresso da Mobilidade e Veículos Elétricos, o estudo estima que os eletrificados podem alcançar 55% das vendas de automóveis em 2040.
Mas as projeções podem mudar, a depender dos rumos da regulação brasileira.
“Esses números funcionam com as premissas de hoje. Uma mudança de regulação a favor de uma ou outra tecnologia vai mudar significativamente essa perspectiva”, observa Daniele Nadalin, senior manager da McKinsey.
Rota 2030 e Proconve são exemplos de políticas que podem alterar o ritmo da eletrificação no país, enumera.
Ele explica que, no Rota 2030, montadoras têm que ter um portfólio de veículos com uma determinada eficiência média, mas quase todos os veículos a combustão descumpririam a meta.
De outro lado, veículos híbridos e a bateria são muito mais eficientes para cumprir os alvos do programa de incentivo à indústria.
“Isso significa que, se você é uma montadora, precisa desenvolver logo uma oferta de veículos elétricos, sejam importados ou potencialmente fabricados no país”.
Além disso, incentivos diretos à indústria e consumidores e isenções para combustíveis, energia e veículos também serão definidores da participação dos VEs na frota brasileira.
Lá fora, países e cidades têm lançado políticas para proibir os tradicionais modelos a combustão, motivando montadoras a investir na tecnologia a bateria, e incentivando consumidores a trocar de carro.
Nos EUA, por exemplo, a Lei de Redução da Inflação (IRA, em inglês), aprovada no ano passado, prevê uma série de incentivos para instalação de fábricas de baterias no país e créditos fiscais para compradores de veículos elétricos.
A meta do país é chegar ao final da década com metade da frota eletrificada.
Já a União Europeia pretende banir os carros novos a combustão, sejam eles a diesel ou gasolina, a partir de 2035.
O acordo alcançado em outubro passado, no entanto, sofre resistência da Alemanha, que quer permitir que veículos a combustão movidos a e-combustíveis (derivados de hidrogênio) continuem a ser vendidos depois desse prazo. Bloomberg.
Predisposição brasileira
“Nossa pesquisa identificou o brasileiro como uma população sensível a questões ambientais e para quem a sustentabilidade é um fator de decisão na compra do veículo”, conta Nadalin.
Na pesquisa, 44% dos brasileiros entrevistados disseram buscar uma alternativa sustentável para seus trajetos (contra 33% da média mundial). Enquanto 24% (18% na média mundial) se consideram entusiastas da mobilidade livre de emissões.
Apesar da predisposição entre os consumidores comuns, o impulso nesse mercado deve vir de empresas que querem reduzir seus gastos com combustíveis – e de quebra cumprir metas de descarbonização – e de motoristas de aplicativo, que percorrem muitos quilômetros em um dia e conseguem programar pausas para recarregar a bateria.
No curto prazo, os modelos de uso intensivo (aqueles que rodam acima de 150 km/dia) devem liderar a eletrificação da frota, já que, hoje, o TCO (Custo Total de Propriedade) de um elétrico utilizado dessa forma é similar ao de um modelo equivalente à combustão.
Segundo Nadalin, para aqueles que usam o veículo para deslocamentos mais curtos (até 30 km diários), a paridade deve ocorrer por volta de 2030.
Redução na demanda de combustíveis
Já a PwC Brasil aposta em uma expansão ainda mais acelerada. Um estudo da consultoria Strategy& (da PwC) aponta que as vendas de VEs no Brasil serão impulsionadas a partir de 2027 e, até 2040, a frota vai superar a casa dos 35 milhões de veículos – com forte impacto no consumo de combustíveis fósseis.
Em 2040, a redução no consumo de diesel pode chegar a 41 bilhões de litros (66% da demanda atual) e a 37 bilhões de litros de gasolina (59% da demanda atual).
Nas vendas de caminhões leves e ônibus elétricos o crescimento é estimado em 100%, em 2028.
“Contudo, a viabilidade vai depender da disponibilidade de modelos para todos os nichos de veículo e da capacidade de realizar análises de TCO e crédito”, comenta o sócio da Strategy&, Daniel Martins.
O levantamento também indica que as vendas serão expressivas para caminhões pesados e veículos de passeio elétricos. Em 2040, os números devem saltar para 97% e 66%, respectivamente.
As projeções de frota total veicular apontam que, em sete anos, 26% da frota de caminhões leves e ônibus estará eletrificada, a de passeio chega a 11% e os caminhões pesados a 80% em 2030.
Na comparação com a frota de caminhões leves e ônibus, em 2040, 65% dos veículos serão elétricos, com 51% de caminhões pesados e 37% de passeio no mesmo ano.