Fonte: A Tarde – BA
O mercado de eletrificação é um caminho sem volta. A afirmação é de Thiago Sugahara, vice-presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos para Veículos Leves e diretor da Toyota. Para o consumidor as opções estão aí: a Toyota lança no Brasil em junho o SUV RAV4 em versão híbrida. E a Chevrolet anunciou que o elétrico Bolt EV chega ao país em outubro.
Nos últimos anos o segmento ganhou corpo. Entre 2013 e 2015 o Brasil emplacava por ano uma média de 800 carros híbridos e elétricos. Em meados de 2016 quebrou a barreira de mil unidades vendidas. Em 2017, o mercado de híbridos e elétricos chegou a um pouco mais de três mil emplacados. Em 2018, as vendas chegaram a quase quatro mil. “Só não foi maior porque as montadoras estavam aguardando uma definição do programa Rota 2030, que tem a manutenção das discussões de metas de eficiência energética”, explica o vice-presidente da ABVE. Com o Rota 2030, ele acredita que a indústria já caminha para a transição da eletrificação.
Para Ricardo Guggisberg, presidente da ABVE, hoje o cenário é de um mercado mais regulado, com preços mais próximos dos modelos a combustão: "O mercado caminha para esse casamento de eletrificação e os biocombustíveis, o que é bom para nosso País”.
Para ele, a venda de híbridos e elétricos vai depender da necessidade de cada consumidor. "Se for um perfil que fica mais na cidade ele vai escolher um elétrico plug-in. Mas se fizer distâncias maiores, vai preferir um híbrido. A equiparação dos preços vai facilitar a decisão de compra, conforme seu uso”, aposta Guggisberg, que completa: "A utilização dessas novas tecnologias por governos em serviços públicos, como ambulâncias, serviços de gestão de resíduos e segurança seria um bom exemplo para motivar consumidores e empresas a iniciarem a suas frotas”.
Ricardo Bacellar, líder do setor automotivo da KPMG no Brasil, ratifica a percepção de que o brasileiro é voraz consumidor de tecnologia e a indústria tem interesse de colocar no mercado o que o consumidor quer. "Além de Toyota e GM, todas as demais vão seguir esse caminho. A grande discussão vai ficar em qual é a matriz energética que vai prevalecer”, afirma.
Estudos indicam que entre 2030 e 2040 a frota mundial estará dividida em partes iguais em motores a combustão, híbridos e elétricos plug-in. "Vai ter espaço para todo mundo, com soluções locais. O Brasil tem uma estrutura consolidada de distribuição de etanol, solução limpa”, avalia Bacellar. "No longo prazo, pensando na viabilidade da célula a combustível, essa briga vai ser revista, por causa de sua maior eficiência energética”, completa.
A infraestrutura dos elétricos precisa ser montada e custa muito caro. Mas há boas iniciativas. Bacellar cita a Shell, que tem comprado startups ligadas a cargas de veículos e quer ser líder nesse segmento.
RAV4, pela primeira vez, híbrido
A quinta geração do Toyota RAV4 chega ao Brasil em junho com motorização exclusivamente híbrida. Importado do Japão, traz novo desenho além de mais itens de conforto e segurança. Serão duas versões: a S Hybrid, por R$ 165.990, e SX Hybrid, com mais itens de segurança e teto solar, a R$ 179.990.
O sistema de propulsão híbrido autorrecarregável com quatro motores (um a gasolina + três elétricos) fornece potência total de 222 cv. O de combustão é um 2.5 de quatro cilindros. Já os elétricos são recarregados automaticamente quando o veículo desacelera ou freia. A transmissão é automática (variável contínua) e a tração funciona sob demanda inteligente nas quatro rodas.
A Toyota informa que o RAV4 Hybrid pode percorrer cerca de 1.000 km com um único tanque de gasolina de 55 litros, dependendo do estilo de condução. O consumo indicado em estrada é de 14,3 km/l e na cidade, 12,8 km/l.
Bolt EV, uma grande cartada
Chevrolet Bolt EV 100% elétrico chega ao País em outubro e vai custar R$ 175 mil na versão Premier
O primeiro carro elétrico da Chevrolet no país começa a ser vendido em outubro. O Bolt EV, 100% elétrico, vai custar R$ 175 mil na versão Premier, a mais tecnológica e sofisticada da linha.
O Bolt EV é capaz de rodar 383 quilômetros com uma carga pelo padrão norte-americano EPA e ainda conta com sistema regenerativo que aproveita a energia dissipada em frenagens e desacelerações para ampliar a autonomia. A recarga das baterias é feita em tomadas. Se for feita em
um carregador semirrápido, uma hora garantirá 40 km de autonomia. Já em carregadores rápidos, encontrados em eletropostos, bastam 30 minutos para transitar mais 145 km. O brasileiro roda, em média, 40 km em seus deslocamentos diários.
O motor de 203 cv possui alto torque: 36,7 kgfm disponíveis de maneira imediata. De acordo com a GM, o custo estimado por quilômetro rodado do Bolt EV é cerca de quatro vezes inferior ao de um modelo do mesmo porte movido a gasolina.