Jornal 075
A Petrobras anunciou que vai perfurar na Bahia 90 poços já nos próximos quatro anos, com investimento de US$ 180 milhões.
Numa reunião organizada pelo conselheiro do presidente Lula e coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues e a presidente da Petrobras Magda Chambriard oficializaram nesta segunda-feira (9/9), no edifício sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, uma série de acordos que deverão reinserir a Bahia nos principais projetos de desenvolvimento econômico e socioambiental da maior empresa do Brasil. O encontro contou também com a participação decisiva do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e do ex-chefe de gabinete da presidência da Petrobras, Armando Trípodi, além das presenças dos deputados estaduais Rosemberg Pinto e Radiovaldo Costa (ambos do PT), da presidente do Sindipetro/Bahia, Elizabeth Sacramento e do secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, Ângelo Almeida.
“Há uma série de oportunidades e demandas para a Petrobras na Bahia, que voltará a gerar emprego e renda para a população e receitas para o governo em diversas regiões do estado”, ressalta Bacelar. Entre as oportunidades, a retomada das atividades de exploração e produção petrolífera nos campos terrestres da Bahia vem sendo festejada por petroleiros e petroleiras. “A Petrobras decidiu solicitar a aceleração do processo de contratação das sondas e o governo da Bahia vai ajudar, criando a infraestrutura necessária para o desenvolvimento dos projetos”, destacou o sindicalista.
Segundo Bacelar, a Petrobras na Bahia opera 28 campos terrestres que produzem cerca de 12.000 barris por dia de óleo e 600 mil metros cúbicos por dia de gás natural. Já o campo marítimo de Manati produzia 1,8 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural, mas está fechado há quatro meses. “A empresa anunciou que vai perfurar 90 poços em quatro anos, com investimento de US$ 180 milhões. Com este investimento a previsão é de que a produção de óleo chegue a 33 mil barris por dia até 2030”, destaca Bacelar.
A Petrobras está com um processo de licitação de três sondas de perfuração e de 21 sondas de produção terrestre (SPTs), sendo que nove delas serão novas. Essas sondas vão gerar cerca de 700 empregos diretos e cerca de 1000 indiretos, principalmente no interior do estado”, diz ainda o conselheiro do presidente Lula.
Dutovia Verde
Presente na reunião, o ex-chefe de gabinete da presidência da Petrobras, Armando Trípodi, considerou muito bons os resultados da reunião. “É excelente a perspectiva que se abre com todas essas sondas de perfuração e produção na Bahia, principalmente para a população do interior do estado, já que 21 sondas em operação significam receita pro estado e renda para a população”, ressaltou Trípodi.
Para o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a Bahia dispõe de uma infraestrutura pronta para receber investimentos naquele que é considerado um dos mais importantes parques de energia renovável do país. “A Bahia possui uma dutovia para transporte de amônia, podendo integrar o seu sistema logístico de plantas que vão de Camaçari até o Porto de Aratu”, destaca Gabrielli.
Ainda segundo o ex-presidente da Petrobras, a Bahia oferece ainda um dos maiores parques eólicos do Brasil, com mais de 7 GW. “O estado também tem um grande potencial solar, com mais de 3.000 h de insolação por ano. Essa combinação de recursos naturais coloca a Bahia em uma posição privilegiada para se tornar líder na transição energética”, lembra Gabrielli, destacando que a Bahia é um centro emergente com uma sólida estrutura para distribuição de combustíveis verdes (com baixa emissão de gases de efeito estufa, como o hidrogênio verde e a amônia verde, subprodutos já demandados pela indústria internacional no setor de energias renováveis). Os representantes da Bahia esperam que a Petrobras escolha o estado e como o principal polo para investimentos na indústria verde nacional.
“Se a Petrobras assumir a implantação de projetos em energia solar fotovoltáica, a partir da Bahia, com extensão para todo Nordeste, esta alternativa pode suprir parte do consumo de Energia Elétrica dos ativos da Petrobras na região (UO-BA, RNEST), como também pode suplementar demanda de Energia Elétrica renovável em futuros projetos de produção de Hidrogênio Verde e combustíveis sintéticos”, complementa Gabrielli.
A presidente do Sindipetro/BA, Elizabeth Sacramento, considerou todos esses anúncios uma grande vitória do movimento sindical, principalmente a informação, passada pela presidente da Petrobras, de que até o final deste ano mais 300 funcionários retornarão de outros estados para trabalhar em Salvador, na Torre Pituba. “Todo esse pessoal havia sido transferido no governo passado, quando estava em curso o projeto de privatização e desmantelamento da Petrobras”, lembrou.
Outras ações
O canteiro de São Roque, localizado na Enseada do Paraguaçu, na cidade de Maragogipe, deve voltar a construir plataformas petrolíferas e embarcações utilizadas pela indústria do petróleo. Na reunião entre os gestores foram também discutidas as potencialidades das bacias sedimentares baianas. Segundo o coordenador da FUP, as principais bacias sedimentares da Bahia (margem leste) são Jacuípe, Camamu e Jequitinhonha, este com grande potencial exploratório, ainda não testados em águas profundas. “Na bacia de Jacuípe, os prospectos são uma continuação das descobertas feitas pela Petrobras em águas profundas de Sergipe, com potencial de produção de 240.000 barris de óleo e 20 milhões/m³ de gás por dia”, informa Bacelar, lamentando que, em terra, a bacia de Tucano, rica em gás natural, continua pouco explorada.
A Petrobras deve solicitar nos próximos meses o retorno de profissionais geólogos e geofísicos para a Bahia, para que sejam reavaliadas as bacias do Recôncavo e Tucano Sul. Atualmente, cerca de 50% da produção de petróleo na Bahia é feita por produtores independentes, que enfrentam dificuldades para entrega e comercialização dos volumes produzidos. Entre as queixas, eles vêm reclamando que a Acelen (antiga RLAM, que está em processos de estudos para reestatização pela Petrobras) não tem terminal de recebimento via caminhões e recusou-se a criar uma área de recebimento da produção de óleo. Por isso, ficou decidido que a Petrobras tentará viabilizar, por meio da Transpetro, o recebimento de óleo dos pequenos produtores.
A Petrobras anunciou que investirá R$ 350 milhões nos próximos quatro anos na capacitação de 19.560 pessoas para cursos de ensino técnico e cursos de formação inicial e continuada (FIC). Entre os cursos oferecidos estão os de caldeireiro, eletricista, dentre muitos outros. A Petrobras está com um processo de licitação em curso, para a contratação de 21 sondas de produção terrestre (SPTs), que demandarão mais 300 empregos diretos para profissionais como plataformistas, operadores de sonda, torristas, mecânicos e motoristas de carretas.
Participaram ainda da reunião os secretários de Meio Ambiente da Bahia, Eduardo Sodré, e da Fazenda, Manoel Vitório. Pela Petrobras, estiveram presentes o diretor de Processos Industriais, Willian França, a diretora de Exploração e Produção de Petróleo e Gás, Sílvia dos Anjos, e a diretora de Assuntos Corporativos Clarice Coppetti.