Notícias Agrículas
A defasagem do diesel, combustível mais consumido no país, nesta sexta-feira (08), era de 0,62 por litro (14%), e da gasolina de R$ 0,23/l (7%). Segundo a Abicom, essas defasagens refletem as comparações dos preços das refinarias nacionais de hoje com o PPI calculado considerando importações negociadas no dia útil anterior. Os estoques atuais estão precificados em bases diferentes que podem ser mais altas ou baixas.
Diante desse cenário de descolamento, a companhia deve ter que fazer novos ajustes de preço nas refinarias em breve, segundo Thiago Davino, analista de mercado da consultoria Agrinvest, já que o descolamento de preço pode impactar as importações de combustíveis. “Com a defasagem, fica inviável para o importador comprar óleo diesel e 30% do que é consumido no Brasil vem de fora”, disse Davino ao Notícias Agrícolas.
“O governo vai ter que reajustar novamente essa alta do preço, infelizmente, para que viabilize a importação e volte à normalidade a oferta de diesel no país”, complementa o analista de mercado. Nas últimas semanas, as importações de diesel já haviam sido impactadas. Porém, a Petrobras anunciou reajuste de preço do combustível no dia 15 de agosto, favorecendo novas compras das importadoras de combustíveis do país.
Esse último ajuste de preço da gasolina e do diesel pela Petrobras para as distribuidoras na metade do mês de agosto entrou em vigor no dia seguinte (16 de agosto), ou seja, a menos de um mês. Nesse reajuste, o litro da gasolina saltou R$ 0,41/l, para R$ 2,93 nas refinarias. Enquanto que o litro do diesel sofreu um reajuste de R$ 0,78/l, para R$ 3,80. Ainda assim, no acumulado do ano, os preços registravam uma redução.
Além de alta nos preços, o Notícias Agrícolas também apurou ao longo dos últimos dias que diversos estados apresentam problemas de restrição na oferta de diesel S10, que inclusive já afeta os produtores rurais. A restrição não significa necessariamente uma falta de produto, mas um retardo nas entregas realizadas pelas distribuidoras aos postos ou mesmo uma regulação no volume vendido, inclusive pelos retalhistas.
“Temos recebido relatos [de restrição] de produtores de várias regiões do Brasil: Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Rondônia. Vários pontos têm reclamado realmente de uma restrição. Por exemplo, há intenção de compra de 1 milhão de litros, mas só estão liberando 600 mil, porque precisa controlar senão vai faltar para outra ponta lá na frente. Então, para evitar esse cenário, o governo acaba sendo obrigado a reajustar o preço”, explica Davino.
Em entrevista exclusiva, durante a Expointer 2023, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse ao site que tomou conhecimento do problema de restrição em áreas do estado de Mato Grosso, um importante estado produtor agrícola no país, mas garantiu que não vai haver falta de diesel para o produtor na safra que está começando.
“Estamos acompanhando o cenário de perto. Falamos com o ministro Alexandre Silveira. É muito mais uma questão de mercado, de oportunidades. Eu ouvi relatos lá em Mato Grosso: – Quando tá o litro de diesel R$ 5,50/l, mas se pagar R$ 6,50/l eu tenho pra te entregar. Então quer dizer, diesel tem. Nós estamos atentos a isso e o ministro Alexandre Silveira me deu tranquilidade que não faltará diesel para nenhum produtor do Brasil fazer o plantio na hora certa”, disse o ministro.
Na última semana, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) verificou que os preços médios da gasolina e do etanol aos consumidores do país tiveram uma leve queda, para R$ 5,87 e R$ 3,65/l cada um, respectivamente, após sequência de aumentos. Já o diesel saltou na média do país 1,69%, saindo de R$ 5,93 para R$ 6,03/l, o quinto avanço seguido. O preço mais caro do diesel registrado pelo ANP foi de R$ 7,75.
A ANP deve soltar nos próximos dias a pesquisa referente esta semana.