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A mistura de biodiesel no combustível marítimo, também conhecido como bunker, é uma demanda potencial para o biocombustível em um mercado de 4 milhões de toneladas de bunker consumidas anualmente no Brasil, segundo estimativa da Associação Brasileira de Bunker, a Abrabunker.

Considerando a mistura de 24% de biodiesel, representa um segmento que pode chegar a 980 mil m³. Por se tratar de um programa voluntário, o consumo efetivo deve ser uma fração disso, mas esse número dá uma noção de quanto pode abrir de mercado para os produtores de biocombustíveis.

A título de comparação, no ano passado, de acordo com informações da Argus, o Brasil consumiu 6,5 milhões de m³ de biodiesel para atender o mandato oficial de mistura no óleo diesel rodoviário, que foi para 14% em março. Sendo assim, o bunker pode ajudar empresas na agenda de reduzir a pegada de carbono do transporte e gerar interesse em grandes multinacionais com metas elevadas em melhores práticas de governança, sociedade e meio ambiente, conforme a sigla ESG. Existe um grande potencial entre as empresas brasileiras que exportam commodities, como mineradoras, empresas de petróleo e empresas de papel e celulose, pois elas têm firmado este tipo de compromisso nas pautas ESG.

A Petrobras, como fornecedora de bunker, foi a primeira a conseguir a autorização de misturar até 24% de biodiesel no combustível no mês passado. A autorização foi dada pela ANP, agência que regula o setor de combustíveis e, segundo a Argus, a expectativa é de que outras empresas consigam esta liberação em breve.

Apesar de ainda não haverem divulgação de dados sobre a precificação da Petrobras, a Argus, que acompanha tanto o preço do bunker no mercado spot quanto o valor do biodiesel no mercado brasileiro. Dados da segunda-feira da semana anterior mostram que o valor do bunker com 500 ppm de enxofre em Santos fechou em $611/t na média, o que corresponde a R$3.355/m³. Em comparação, o custo do biodiesel vendido a partir das usinas do estado do Rio Grande do Sul ficou em R$4.752/m³ na semana passada. Se for considerar um frete médio de R$280/m³ entre estas usinas e o porto, a Argus chegou a um preço de produto entregue no porto a R$5.032/m³. Neste nível de preço, um produto com 24% de conteúdo renovável deve ter um preço 12% maior em relação ao produto com conteúdo de origem 100% fóssil.
Fonte: RPA News

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