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O Estado de S. Paulo

Os dois últimos leilões de áreas de petróleo no Brasil mostraram que o que já foi tão arraigadamente “nosso”está mais para encalhe do que para grande interesse estrangeiro.
Em outubro, apenas 5 dos 92 blocos em oferta tiveram saída. E, dia 17 de dezembro, quando os dois últimos filés-mignons do pré-sal (os excedentes de cessão onerosa dos Campos de Sépia e Atapu) foram colocados à venda, só dois interessados apareceram: um consórcio liderado pela francesa TotalEnergies e a Petrobras.
Analistas advertem que a era do petróleo vai chegando a seu crepúsculo. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) prevê estabilização nos próximos anos no consumo global, que hoje oscila em torno dos 96 milhões de barris por dia, e declínio a partir de 2040.
No ciclo do petróleo, esses 18 anos até lá são como se fossem intervalo de semanas. Entre a decisão de explorar e a descoberta de uma jazida economicamente viável correm três anos. Entre essa descoberta e o início de produção, outros cinco ou seis. Se não redobrarmos o regime de urgência, o petróleo que já foi só nosso continuará deitado eternamente em seu berço esplêndido. Será uma ex-futura riqueza, que não se transformará em renda e empregos.
E, no entanto, os últimos leilões ainda registraram protestos dos pretensos nacionalistas que acusam as autoridades da área de “entreguismo”. Associações impulsionadas por interesses corporativos pretendem barrar desinvestimentos em atividades que não constituem o core business da Petrobras, de modo a concentrar recursos no desenvolvimento de áreas prioritárias.
Na mesma direção, o Projeto de Lei Nº 1.472/21, de autoria do senador Rogério Carvalho (PT/SE), já aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, pretende criar um imposto de exportação de petróleo para constituir um Fundo de Estabilização dos preços dos combustíveis. Mas não leva em conta que uma decisão dessas afugentaria ainda mais os investimentos na área.
As pressões para substituição dos combustíveis fósseis por energia renovável crescem em todo o planeta. O governo dos Estados Unidos passou a desestimular a produção de óleo e gás a partir do xisto. Governos dos principais países do mundo vêm definindo prazos finais a partir de 2030 para o fim da produção de veículos a combustão. Construtores de aviões e navios vêm sendo instados a desenvolver combustíveis limpos, que substituam o querosene de aviação e o óleo diesel para navegação.
Ou seja, por mais que para fazer a transição energética ainda se precise de petróleo, ele está sujeito a prazo de validade. O tempo para sua exploração no Brasil vai ficando curto.

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