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Cotado a US$ 83 por barril, o petróleo ainda patina nas mínimas de 2022. Afinal, os mercados continuam deprimidos pela perspectiva de redução da demanda, provocada tanto pelo ciclo de alta de juros em curso na Europa e nos EUA quanto pela duradoura crise sanitária na China.
No entanto, achar que a atual precificação do mercado se sustenta em 2023 é uma ilusão. Ao menos, é isso o que disse o Morgan Stanley, em nota veiculada pela Reuters na última semana.
Segundo a instituição, sinais de reabertura da economia chinesa e ‘constrições de oferta provocadas por baixos níveis históricos de investimento, riscos ao fornecimento da Rússia e o reabastecimento dos estoques da Reserva Estratégica de Petróleo dos EUA’ devem acelerar a recuperação dos preços até metade de 2023, quando o barril poderá alcançar os US$ 110.
O quadro de déficit estrutural da oferta é corroborado pelas repetidas vezes em que a Opep+ falhou em entregar a produção acordada pelos seus membros. De acordo com levantamento feito pela consultoria Argus Media, a produção em novembro do cartel caiu para 38,29 milhões de barris por dia, 1,81 milhão a menos do que o estipulado.
Para Pedro Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a falta de investimento em capacidade produtiva das big oils responde ao avanço da transição energética, que traz incertezas sobre a demanda pela matéria-prima no longo prazo, podendo ocasionar novos picos de inflação em razão de crises mais acentuadas de escassez.
BofA prevê aumento de preços, mas ‘momentum’ limitado na América Latina
Dado um cenário de recuperação da demanda chinesa, o Bank of America (BofA) permanece ‘construtivo’ com relação ao aumento do volume de produção e exportação do setor de óleo e gás da América Latina.
Para o caso de Colômbia e Brasil, no entanto, o BofA acredita que o faturamento das petroleiras estatais destes dois países, em cima de um novo ‘boom’ de preços, pode ser neutralizado por pressões inflacionárias no capex e por ingerências governamentais nas políticas de preço dessas companhias.
Em um quadro geral, o banco de investimentos prevê estímulos macroeconômicos ‘mistos’ para a atividade petroleira, com uma retomada da tolerância ao risco mais pronunciada no segundo semestre de 2023.
Ainda assim, o ano não deve presentear margens sólidas para as petroquímicas e para vendedores de combustíveis no varejo.