Valor Econômico
A redução das cotações do petróleo no mercado internacional nas últimas semanas abre espaço para a Petrobras cortar os preços do diesel e da gasolina no mercado doméstico, segundo especialistas. A commodity acumulou recuo de 1% na semana passada e de 7,8% em novembro. Na sexta-feira (17), o Brent encerrou o dia a US$ 80,61.
Com base nos cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o diesel da Petrobras tem prêmio médio de R$ 0,14 por litro em relação ao preço de importação, e a gasolina, R$ 0,04 por litro. O prêmio é a diferença entre preços praticados pela Petrobras no mercado doméstico e preços de importação.
Segundo Monique Greco, analista do Itaú BBA, “não devemos aguardar muito tempo até um corte de preços da Petrobras”. Para a especialista, a petroleira costuma agir mais rápido quando há necessidade de reduções nos preços dos combustíveis do que quando o cenário é de aumento: “A Petrobras tem muitas partes interessadas e todas elas fazem pressão conforme interesse. Assim como o mercado financeiro pressiona a estatal quando vê espaço para aumentos dos preços, o governo faz o mesmo quando existe chance de cortes, até pelo impacto dos combustíveis sobre a inflação”, afirma Greco.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu na sexta-feira (17), em entrevista à GloboNews, que a Petrobras tem condições de fazer “redução mais significativa” dos preços da gasolina e do diesel nas refinarias. Para Silveira, o mercado oferece as condições de implementar a medida, com dólar em patamar “estável” e Brent em US$ 78 – o preço que a commodity encerrou quinta-feira.
“Já esperava manifestação para que a Petrobras tivesse apresentado redução mais significativa dos preços. Hoje, no óleo diesel, vejo possibilidade real de redução entre R$ 0, 32 a R$ 0,42 e, na gasolina, [redução], entre R$ 0, 10 e R$ 0,12”, afirmou Silveira. Segundo o ministro de Minas e Energia, o assunto vem sendo discutido com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Procurada, a Petrobras não quis comentar. Mas na noite de sábado, o presidente da companhia, Jean Paul Prates, usou a rede social X (ex-Twitter) para responder o ministro. Ele afirmou que a companhia fará as alterações de preços quando os parâmetros adotados em sua política comercial “indicarem pertinência”.
“Não faz sentido agir por impulso ou açodamento – como fez o Governo Bolsonaro todo o tempo, quanto a isso. Canso de repetir: a Petrobrás não “FAZ” o preço do mercado, e tem sua política comercial definida de acordo com seus parâmetros técnicos, logísticos e operacionais. Portanto, a Petrobrás fará ajustes quando e como tais parâmetros indicarem pertinência”, ressaltou.
Greco pondera que a nova estratégia de preços da Petrobras tem prezado por evitar repasse da volatilidade do mercado internacional aos preços dos combustíveis no país. Mas ainda assim ela vê a possibilidade de a estatal anunciar cortes na gasolina e no diesel nos próximos dias: “Ainda é muito difícil prever os movimentos da Petrobras com a nova estratégia de preços. Mas a tendência de queda do Brent se intensificou e existe janela para cortar os combustíveis”.
A última vez que a estatal mexeu nos preços dos combustíveis nas refinarias foi em 21 de outubro, quando elevou em 6,58% o diesel e reduziu em 4,1% a gasolina A. (Com Gabriel Roca, de São Paulo)