E-Investidor Estadão
A Petrobras (PETR4) vende a gasolina 9% mais barata que o preço justo na comparação com o Preço de Paridade Internacional (PPI), mostra relatório divulgado pela Nord Research neste sábado (25). Segundo os analistas, se essa defasagem continuar, os dividendos extraordinários podem ser comprometidos.
Em relatório assinado por Hugo Cabral, especialista em ações de dividendos, a Nord comenta que a gasolina apresenta uma defasagem de 9% (equivalente a R$ 0,27 por litro), enquanto o diesel, de 18% (R$ 0,62 por litro), segundo dados da Associação Brasileira de Biopolímeros Compostáveis e Compostagem (Abicom).
O analista comenta que os reajustes de preços são necessários para garantir maior segurança na importação dos volumes indispensáveis ao atendimento da demanda doméstica, além de evitar prejuízos na precificação praticada pelos revendedores privados. No entanto, a petroleira ainda não comunicou nenhuma intenção de realizar ajustes no curto prazo.
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Todavia, o especialista relata que os combustíveis ficarão mais caros a partir de 1º de fevereiro, mas a Petrobras não é a responsável por esse aumento. Segundo Cabral, o verdadeiro vilão é o reajuste no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O aumento do imposto sobre gasolina, etanol, diesel e biodiesel adiciona uma nova pressão ao mercado, tornando inevitável o repasse aos consumidores nas bombas.
Dividendos da Petrobras podem cair?
Segundo o analista, a defasagem é a diferença entre o preço praticado pela Petrobras e o valor no mercado internacional, impactando diretamente em seus resultados. Assim, com lucros mais baixos, os dividendos tendem a ser menores. “O segmento de refino, transporte e comercialização (RTC), responsável por 12% do Ebitda da Petrobras, aproximadamente, enfrenta margens mais apertadas devido à manutenção de preços abaixo do mercado global”, diz Cabral.
Conforme o analista, esses valores correspondem, considerando a cotação atual das ações e do dólar em cada um desses anos, a um dividend yield da Petrobras aproximado de 12% para os dividendos ordinários e de 15% ao incluir os extraordinários. Ele diz ainda que, no curto prazo, as perdas nas operações de RTC são compensadas pelos ganhos no segmento de exploração e produção de petróleo (E&P).
“Contudo, se a defasagem se mantiver ou continuar aumentando por um período prolongado, a possibilidade de distribuir dividendos extraordinários pode ser comprometida. Apesar dos riscos associados à maior petroleira do país, consideramos os dividendos projetados satisfatórios e, assim, não recomendamos a venda de PETR4”, aponta Cabral.
No momento, porém, a companhia não figura entre as recomendações da carteira Nord Dividendos, visto os riscos atuais que a empresa apresenta para o investidor. Ou seja, se a pessoa já possui a ação na carteira, ela deve deixar como está. Todavia, caso o indivíduo não tenha Petrobras (PETR4) na carteira, o melhor é não comprar o ativo.