Petrobras: Ou aumenta o preço dos combustíveis ou vem prejuízo pela frente, diz diretor do CBIE
Money Times
A Petrobras pode sair no prejuízo ou, então, reajustar os preços dos combustíveis aos consumidores, por ter abandonado a política de paridade de importação (PPI).
É o que afirma o sócio fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Bruno Pascon, ao avaliar que a estatal já elevou o fator de utilização o parque de refino a 93% no segundo trimestre de 2023.
Em períodos de alta demanda ou queda de produção de óleo & gás, as refinarias são utilizadas pela petroleira para evitar a elevação da importação. Isso porque, por não seguir mais o PPI, a Petrobras vende produtos importados por preços mais baixos no país.
Os combustíveis da estatal são vendidos a valores abaixo das cotações internacionais desde meados de maio. Hoje, a defasagem da gasolina é de 30% e, a do etanol, de 18,5%, segundo o CBIE.
Ou seja, se a Petrobras não tiver mais espaço para aumentar a utilização do refino, ela terá que recorrer à importação. No entanto, se a petroleira importar sem reajustar os preços ao consumidor, ela pode sair no prejuízo, devido à defasagem em relação à cotação internacional.
“Quanto mais importar, mais prejuízo no resultado da estatal”, diz Pascon, do CBIE.
Quem perde com isso?
O primeiro a sentir os eventuais efeitos da dinâmica da Petrobras, que preocupa o diretor do CBIE, é o Governo. Segundo Pascon, ao elevar as importações, a estatal tem menos lucratividade — o que se traduz em menos dividendos.
Como o Governo é o principal acionista da petroleira — detém 28,67% do capital total da companhia — ele também teria menos receita.
Além do Governo, o consumidor pode sair perdendo com essa dinâmica, pois pode eventualmente ver novos reajustes de preços.
Apesar disso, Pascon, do CBIE, não vê a estatal aumentando os valores dos combustíveis a fim de diminuir ou zerar a defasagem frente a cotação internacional. “Reduzir preços é mais fácil do que aumentar”, diz.
Produção da Petrobras no 2T23
A Petrobras produziu 2,6 milhões de barris de óleo equivalente por dia (Mboed) totais de petróleo e gás no segundo trimestre de 2023, queda de 0,6% ante o mesmo período do ano passado. Pascon, do CBIE, afirma que a queda está dentro da margem “normal”.
De acordo com a petroleira, a redução se deve ao maior volume de perdas por paradas e manutenções, do declínio natural de campos maduros e de desinvestimentos, efeitos parcialmente compensados pelo ramp-up da P-71, no campo de Itapu, e pelo início de produção dos FPSOs Almirante Barroso.
Por outro lado, a produção no pré-sal bateu novo recorde trimestral de 2,06 MMboed, o equivalente a 78% da produção total da Petrobras, superando o recorde anterior de 2,05 MMboed.
O diretor do CBIE ressalta que o relatório reforçou, mais uma vez, que o pré-sal continua sendo a principal fonte de petróleo do Brasil.