Fonte: DCI
São Paulo – A Petrobras pode terminar este ano com a entrada de pelo US$ 8 bilhões em caixa após a venda de ativos, previstos no plano de desinvestimento, informaram ontem em teleconferência com analistas os executivos da companhia.
A Petrobras espera terminar 2017 com US$ 19 bilhões em caixa, ante US$ 22 bilhões em dezembro de 2016. No ano passado, a geração de caixa foi sustentada pelo forte desempenho operacional e o menor capex (gastos com investimentos), além da apreciação do real em relação ao dólar e a venda de ativos.
A perspectiva de que finalmente vai deslanchar desinvestimento de US$ 21 bilhões, em 2017 e 2018, foi reforçada pelos executivos da estatal. No começo da semana o Tribunal de Contas da União (TCU) revogou, com ressalvas, a medida que suspendia os desinvestimentos.
No centro das atenções está a venda da BR Distribuidora, subsidiária de distribuição de combustíveis e considerada um dos ativos mais valiosos ofertados pela Petrobras. “A [venda da] BR não vai começar do zero”, afirmou o diretor Financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, destacando que as conversas serão retomadas.
A companhia também está empenhada em encontrar sócios para refino, acrescentou o diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino. "O que estamos fazendo agora é estudar o modelo atual devido restrições tributarias e regulatória".
Em 2016, a empresa teve prejuízo de R$ 14,824 bilhões, o terceiro seguido, apesar de esforços em reduzir custos e alavancagem. "Não vamos fraquejar no nosso plano de redução de custos", disse Monteiro.
No entanto, os analistas do Credit Suisse, André Natal e Régis Cardoso, avaliaram que a alavancagem da empresa ainda é maior do setor. "Se os preços do barril se deteriorarem mais no curto prazo, o patrimônio da estatal pode ser impactado", ponderou a dupla.
O índice de alavancagem da caiu de 5,11 vezes a dívida líquida sobre Ebitda em 2015 para 3,54 vezes em 2016. O desinvestimento visa reduzir a alavancagem para 2,5 vezes a dívida líquida/Ebitda em 2018.
Eficiência
A diretora de Exploração e Produção da companhia, Solange Guedes, também explicou a exploração de óleo na camada do pré-sal se tornou mais competitiva em 2017. Hoje, o custo de extração no pré-sal é inferior a US$ 8,00 por barril equivalente de petróleo (boe), ante US$ 10,30/boe em 2016.
De acordo com ela, para buscar a eficiência do pré-sal alguns plataforma estão em vias de iniciar produção como a P-66 que já foi conectada a um poço no Campo de Lula, mas aguarda "processo regular e de licenciamento". "A P-67 sairá da China no segundo semestre deste ano. Vai ser um desafio, mas vamos correr atrás dessa operação ainda em 2017", revelou a executiva.
A Petrobras espera ainda colocar em atividade outras embarcações na área da cessão onerosa, no ano que vem. "A perspectiva é que Búzios 1, 2 e 3 estejam interligadas no primeiro semestre de 2018".
Já o processo de negociação da cessão onerosa com o governo deve sair até abril, avalia Solange Guedes. "A partir do relatório da ANP [Agência Nacional do Petróleo] vamos discutir o real valor [da área]. É declarado em contrato que se a Petrobras tiver valor a receber poderá vir em dinheiro, títulos e barril. A Petrobras não se refutará em negociar. Acredito que há créditos a receber", observou ela, que espera concluir a negociação em 2017.
Vanessa Stecanella