Fonte: O Estado de S.Paulo (Editorial)
A fraqueza da atividade econômica não impediu a Petrobrás de realizar, há pouco, a maior transação de sua história na área de fusões e aquisições, com a venda de 90% da Transportadora Associada de Gás (TAG) por US$ 8,6 bilhões (R$ 33 bilhões). Os compradores foram a empresa francesa Engie, antiga Tractebel, e o fundo canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ), que disputaram a TAG com o fundo Mubadala dos Emirados Árabes Unidos e com um consórcio formado pela Itaúsa e por outro fundo canadense (CPPIB).
A TAG controla um gasoduto com 4,5 mil km de extensão situado em sua quase totalidade nas Regiões Norte e Nordeste do País. O processo de venda do gasoduto foi iniciado em 2017, no governo Temer. A operação ainda depende da aprovação dos órgãos de controle da concorrência.
O valor da operação correspondeu a mais do dobro do apurado pela Petrobrás em setembro de 2016, na venda de 90% do gasoduto Nova Transportadora do Sudeste (NTS), para o Grupo Brookfield e a Itaúsa, por US$ 4,2 bilhões.
O desinvestimento faz parte da política da Petrobrás de reduzir seu endividamento, ainda muito elevado. Com a venda da TAG, especialistas estimam que haverá uma diminuição da ordem de 10% das dívidas da estatal, para cerca de R$ 261 bilhões.
Gasodutos, assim como linhas de transmissão de energia elétrica, operam em regime de monopólio natural. Os controladores dessas atividades têm a certeza de obter uma renda regular por décadas, o que torna esses ativos muito atraentes para investidores de longo prazo, como os fundos de pensão, um dos quais (CDPQ) terá 31,5% da TAG.
“O sucesso da transação reflete a forte demanda por ativos de infraestrutura no Brasil, já sinalizada no recente leilão de concessões de aeroportos”, afirmou o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco. A venda é parte dos R$ 116 bilhões em ativos que a estatal quer alienar em 2019, segundo estimativa recente de Castello Branco. A operação foi considerada “ótima” pelo diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires.
A venda da TAG é vista por Marco Tavares, da consultoria Gas Energy, como passo importante para a abertura do mercado de gás. Falta agora, disse Tavares, definir o espaço que poderá ser ocupado pelo setor privado.