Valor Econômico
Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta ontem, puxados pelos temores de que a escalada das tensões entre a Rússia e o Ocidente prejudique a oferta da commodity, após a o anúncio do envio de tropas russas à Ucrânia. O contrato do petróleo Brent para maio fechou em alta de 0,92%, a US$ 93,85 por barril na ICE, em Londres, enquanto o do petróleo WTI para abril subiu 1,40%, a US$ 92,35 por barril na Bolsa de Mercadorias de Nova York. Durante todo o dia, o barril foi negociado perto da máxima em sete anos.
Para o chefe de economia e pesquisa do Julius Baer, Norbert Rücker, a discussão sobre o petróleo alcançar a marca psicológica de US$ 100 por barril é uma questão de “quando”, e não mais de “se”. “Dado o nervosismo com a crise da Ucrânia, parece que os preços do petróleo podem atingir os três dígitos a qualquer momento”, diz, em comentário.
Segundo ele, a intensificação do impasse diplomático e a escalada militar estão aumentando os temores de sanções e interrupções no mercado de energia. Trata-se de uma das principais preocupações dos investidores, que tentam mensurar como uma guerra na Ucrânia afetaria o fornecimento de petróleo e outras commodities exportadas pela Rússia.
O Parlamento russo aprovou na tarde de ontem o envio de tropas às duas regiões da Ucrânia controladas por separatistas pró-Rússia. As regiões de Donetsk e Luhansk foram reconhecidas oficialmente como regiões independentes ontem por Moscou.
A União Europeia, por sua vez, anunciou um pacote de sanções contra 351 membros da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo, e indivíduos e empresas ligados às ações russas nas duas regiões da Ucrânia, limitando o acesso aos mercados financeiros europeus.
A tensão política ocorre em um momento em que a oferta global de petróleo já está apertada e os fundamentos da demanda permanecem fortes “Nos últimos dois dias, os investidores abandonaram a postura de apenas monitorarem a situação e passaram a considerar o que se tornou uma ameaça real de conflito e isso explica como os mercados estão reagindo”, afirmou Altaf Kassam, chefe de estratégia State Street Global Advisors.
O Iraque e a Nigéria, dois grandes produtores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), avaliam não ser necessário produzir mais petróleo neste momento. As notícias surgem depois de a Arábia Saudita, o maior exportador mundial de petróleo, ter rejeitado os apelos dos Estados Unidos para aumentar a produção na semana passada.
“A procura e a oferta estão equilibradas atualmente”, disse o ministro do Petróleo iraquiano, Ihsan Abdul Jabbar, cujo país é o segundo maior produtor do Médio Oriente. Ele lembra que os países da Opep e seus aliados, liderados pela Rússia, vão tomar uma decisão sobre os níveis de produção apenas na reunião do próximo mês.