Fonte: Folha de S. Paulo
O preço do óleo diesel nas bombas está hoje 5,3% menor do que na semana anterior à paralisação dos caminhoneiros, em maio de 2018, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
Segundo a pesquisa da agência, o litro do combustível foi vendido na semana passada a R$ 3,55, em média, no Brasil.
Corrigido pela inflação, o preço médio vigente na semana do dia 19 de maio de 2018 era R$ 3,75 por litro.
No dia 21 daquele mês, os caminhoneiros iniciaram a paralisação que parou o país por duas semanas e culminou em um programa de subsídio ao preço do diesel que custou aos cofres públicos até o momento R$ 6,7 bilhões.
Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, durante anúncio de medidas para caminhoneiros –
A insatisfação dos caminhoneiros colocou novamente em discussão a política de preços dos combustíveis praticada pela Petrobras desde outubro de 2016, que prevê o acompanhamento das cotações internacionais.
Nesta terça-feira (16), executivos da Petrobras se reuniram com Bolsonaro e ministros para explicar como funciona a política de preços. Com a intervenção, a estatal perdeu R$ 32 bilhões de seu valor de mercado na sexta-feira (12).
Após o encontro, o governo reforçou que a decisão é da companhia. Por volta das 20h, porém, a estatal decidiu manter nesta quarta-feira (17) o preço que já vigora há 26 dias.
De acordo com a ANP, o preço do diesel nas bombas acumula alta de 5% desde que a nova política foi adotada.
Já foi mais alto durante o primeiro semestre de 2018, mas recuou no fim do ano com a queda das cotações internacionais do petróleo e corte de impostos federais para encerrar a greve.
Relatório do MME (Ministério de Minas e Energia) mostra que, entre a última semana de setembro de 2016 e o fim de fevereiro —último dado disponível— a parcela do preço final referente ao diesel vendido pela Petrobras teve alta de 1,7%, desconsiderando a inflação do período.
Já as parcelas referentes ao biodiesel e a tributos federais tiveram alta maior: 25% e 10%, respectivamente. Em julho de 2017, o governo Michel Temer (MDB) praticamente dobrou a alíquota de PIS/Cofins sobre o combustível.
A margem dos postos de gasolina subiu 12,1% no período, também desconsiderando a inflação. Por outro lado, as fatias referentes ao ICMS e a margens de distribuição e transporte caíram 3,85% e 25,9%.
"Parece que há um problema de comunicação entre o que se discute no governo e o que se verifica na prática”, disse nesta terça Leonardo Gadotti, presidente da Plural, entidade que representa as distribuidoras de combustíveis.
Em seminário sobre o tema na Folha, ele argumentou que em 2019 o preço do diesel nas refinarias subiu 17% mas o repasse às bombas foi de 3,3%.
Sergio Araújo, presidente da Abicom (associação de representa os importadores) pondera, no entanto, que o preço praticado pela Petrobras permanece abaixo das cotações internacionais.
Segundo ele, a defasagem nesta terça ficou entre R$ 0,02 por litro no porto de Santos e R$ 0,14 por litro no porto de Itaqui, na Bahia.