Moçambique quer parceria com Petrobras na área de gás

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O Globo

Dono de uma das maiores reservas de gás do mundo, Moçambique quer estreitar as relações com a Petrobras. A reserva na Bacia de Rovuma, na província de Cabo Delgado, é estimada em 2,8 trilhões de metros cúbicos e pode transformar o país, localizado na costa leste da África, no maior produtor do continente.

É com esse trunfo na mão que o governo moçambicano quer iniciar as conversas com a estatal brasileira. A reserva de Rovuma conta com quatro campos, descobertos entre 2011 e 2012, com reservas iniciais comprovadas de 1,5 trilhão de metros cúbicos.

O Brasil, como base de comparação, tem reservas de 517 bilhões de metros cúbicos, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP).

A área já atraiu empresas como a italiana Eni, a americana ExxonMobil, a francesa TotalEnergies e a chinesa CNPC. Agora, diz Daniel Chapo, presidente eleito de Moçambique, o país, que tem a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), criada em 1981, quer buscar uma parceria com a Petrobras.

-A Petrobras pode ser uma parceira importante. Vamos iniciar um relacionamento. Moçambique tem um grande potencial em gás, tanto em terra quanto no mar. Temos muitos blocos em pesquisa e campos em exploração no norte e no sul do país, com a atuação de multinacionais – diz Chapo.

Sylvia dos Anjos, diretora de exploração e produção da Petrobras, disse, em entrevista ao GLOBO, que esteve recentemente no Africa Energy, um evento de energia na África do Sul. Ela lembrou que vários países do continente mostraram interesse em ter a Petrobras como parceira, como África do Sul, Namíbia, Angola, Gana, Guiné, Congo, Mauritânia, Tanzânia e Moçambique.

-O Africa Energy foi um evento importante. E sabemos dos planos da Petrobras de crescer no mundo. Por isso, aqui há grandes oportunidades. Nossa ideia é trabalhar de perto com a embaixada e fazer conferências de negócios com o Brasil. O gás é uma fonte de energia de transição – afirma Chapo, lembrando que a maior parte da energia no país é gerada a partir de hidrelétricas.

Desde 2022, o país, por meio da ENH, exporta gás liquefeito (GNL) através de uma plataforma flutuante no campo chamado Coral Sul. Além de Cabo Delgado, o país tem outras áreas em estudo, como as Bacias de Inhassoro e de Moçambique.

Estima-se que o país tenha cerca de 50% das reservas de gás da África Subsaariana. Em 2023, a produção de gás no país chegou a 11,751 milhões de metros cúbicos por dia, uma alta de quase 100% em relação aos 4,596 milhões de metros cúbicos de 2019. Mas há desafios relacionados à segurança e aos impactos ambientais na região do país, que conta com áreas de proteção, segundo órgãos ambientais.

Com a expectativa de que a economia feche o ano de 2024 com alta de 3%, o país pretende ainda estimular o uso de energia solar na área energética, diz Chapo.

-Há uma demanda crescente por energias limpas. Queremos ainda ampliar as relações com o Brasil na área da agricultura e aumentar as parcerias com as instituições de ensino. Produzimos grãos, frutas e queremos aumentar as culturas de arroz e de amêndoas – lista ele, citando ainda os planos para a área de turismo.

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