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O Ministério de Minas e Energia (MME) marcou para 17 de março, na sede da pasta em Brasília, a apresentação dos estudos para a elevação da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina comum. Com a aprovação da lei do programa Combustível do Futuro, o limite passou de 27,5%, praticado atualmente, para 30%.
A elevação do mandato do anidro não constava originalmente no programa, que tratava de novos biocombustíveis como o diesel verde e o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês).
O ministério batizou o evento de “Combustível do Futuro: Rumo ao E30 e à Autossuficiência da Gasolina“. Com elevação da mistura, nas contas do MME, o país será menos dependente das importações de gasolina A, sem a mistura com o biocombustível.
Essa semana, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), reforçou em evento com usineiros em Pernambuco o desejo da pasta em avançar com o aumento da mistura.
“Estamos avançando na regulamentação do E30, a mistura de etanol à gasolina a 30%, que representa mais eficiência energética e menor emissão de poluentes. Pernambuco tem uma das cadeias produtivas mais longevas do etanol no Brasil e será um protagonista nesse processo”, disse.
O MME avalia que a adoção do E30 pode eliminar boa parte da dependência do Brasil em relação à importação de gasolina A. Segundo cálculos da pasta, as importações líquidas de gasolina A em 2024 somaram 758,7 milhões de litros.
Com o aumento do percentual de etanol no combustível fóssil de 27% para 30%, a demanda adicional de anidro pode chegar a 1,3 bilhão de litros por ano.
“Com o E30, a gente zera a dependência de 700 milhões de litros de gasolina A”, afirmou Pietro Mendes, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, durante evento na Câmara dos Deputados em fevereiro.
Preços dos alimentos levou a recuo no biodiesel
O governo federal decidiu em fevereiro adiar o aumentar a mistura obrigatória do biodiesel para 15% (B15), mantendo o mandato em 14%. O cronograma havia sido definido em 2024, mas o governo recuou diante das preocupações com a inflação dos alimentos e aumento dos casos de fraudes no atendimento da mistura.
No caso do etanol, após a apresentação dos estudos, o MME precisa convocar uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para decidir quando a mistura de anidro será elevada.
Os biocombustíveis se tornaram uma preocupação do planalto em razão de um entendimento que há um aumento da demanda dos óleos vegetais, pressionando ainda mais os preços. O biodiesel no Brasil é feito majoritariamente a partir de soja; e no etanol há uma crescente participação do milho, além da cana-de-açúcar.
Os produtores rebatem essa tese, afirmam que as duas cadeias produtivas elevam a oferta de razão para produção de proteína animal, colaborando par redução de preços. No caso do biodiesel, a tese foi rejeitada.