Valor Econômico
A evolução dos automóveis para modelos elétricos, que parecia, até aqui, uma tendência de consumo do futuro, começa a afetar o trabalhador brasileiro. Numa análise global sobre onde vale ou não a pena investir na produção das novas gerações de veículos, a direção mundial da Mercedes-Benz decidiu por encerrar a produção de automóveis no Brasil. Isso representa o fechamento da fábrica de Iracemápolis (SP), de apenas quatro anos, uma das mais novas do setor no país e que emprega 370 trabalhadores.
Em entrevista ao Valor, o presidente da Mercedes-Benz Cars no Brasil, Jefferson Ferrarez, afirma que a companhia traçou “metas ambiciosas” para a neutralização de dióxido de carbono e, por isso, decidiu trabalhar só com carros elétricos. Os estudos sobre eletrificação e digitalização veiculares envolveram capacidade e competências de todas as fábricas do mundo. “Ao chegar em Iracemápolis a empresa percebeu que essa unidade não tinha mais viabilidade”, destaca.
A instabilidade econômica agrava o quadro. “A situação econômica no Brasil tem sido difícil por muitos anos e se agravou devido à pandemia, causando uma queda significativa nas vendas de automóveis premium”, disse Jörg Burzer, responsável mundial pela produção e cadeia de suprimentos e membro do conselho da Mercedes-Benz AG, em nota que a montadora alemã distribuiu à imprensa ontem, depois de dar a notícia aos empregados, sindicato, fornecedores e governos federal, estadual e municipal.