Nova Cana
O Ministério de Minas e Energia (MME) já confirmou que testes conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) comprovaram a viabilidade técnica da chamada gasolina E30 no Brasil. A adoção da nova mistura – que amplia o percentual de etanol de 27,5% para 30% – vem sendo discutida desde 2023 e pode se tornar realidade com a promessa de reduzir as emissões de gases poluentes e diminuir a quantidade de gasolina importada.
“O E30 é seguro para nossa frota de duas e quatro rodas. Com ele, o Brasil deixará de ser refém do mercado internacional e da volatilidade dos preços externos. O preço da gasolina será determinado pela competitividade interna, e não pelo preço de paridade de importação”, destacou o ministro da pasta, Alexandre Silveira.
A comprovação da viabilidade técnica anunciada agora abre caminho para que a proposta seja encaminhada ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão responsável por aprovar e oficializar a decisão.
Novas deliberações sobre o assunto estão programadas para acontecer ainda no primeiro semestre deste ano. Portanto, se tudo seguir dentro do programado, a nova mistura da gasolina E30 deve chegar ao mercado ainda em 2025.
Redução de até R$ 0,13 no preço da gasolina
Segundo estimativas do governo, a transição do E27 para o E30 evitará a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano. Ao mesmo tempo, o Brasil ampliará a produção nacional de etanol em 1,5 bilhão de litros e investirá R$ 9 bilhões no setor.
Como o combustível vegetal é mais barato que a gasolina pura, sua maior participação na mistura pode reduzir o preço médio para o consumidor. O governo estipula uma redução de até R$ 0,13 por litro da gasolina.
Em fevereiro, o preço médio da gasolina no Brasil foi de R$ 6,43 por litro, conforme dados do Panorama Veloe de Indicadores de Mobilidade, desenvolvido em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Portanto, se o E30 fosse incorporado hoje, o provável é que o valor baixasse para R$ 6,30.
No caso dos motores flex, usados pela ampla maioria dos veículos no Brasil, a nova mistura não terá impactos técnicos, já que os propulsores bicombustíveis saem de fábrica preparados para receber qualquer percentual de etanol. Ou seja, a principal dúvida recai sobre os motores movidos apenas a gasolina, que equipam principalmente veículos importados.
Nesse caso, Silveira garante que os testes também atestaram viabilidade. “Agora nós testamos na amostragem de 17% dos veículos, que são veículos que rodam a gasolina, veículos importados e nacionalizados. E o teste foi aprovado com participação ampla da indústria automobilística nacional, nos dando completa segurança na maior participação do etanol brasileiro na nossa gasolina”, disse o ministro em entrevista ao G1.
Mistura pode chegar a 35%
A proposta apresentada amplia o percentual de etanol para 30%, mas há planos para chegar a 35% nos próximos anos. O aumento está previsto nas diretrizes da Lei do Combustível do Futuro (14.993/24), aprovada no ano passado.
“A legislação permite ampliar o limite de etanol na gasolina para até 35%, desde que comprovada a viabilidade técnica”, diz comunicado oficial.