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Descontentes com a alta no preço do diesel, grupos de caminhoneiros resolveram convocar atos pelas estradas do país. Os protestos se iniciaram no domingo, 25, e ganharam corpo em algumas cidades nesta segunda-feira 26, mas a adesão foi decepcionante. Como a greve foi organizada pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, o CNTRC, uma entidade recém-criada, com pouca relevância entre membros da categoria, não conseguiu força suficiente para fazer barulho. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram registrados apenas alguns focos pequenos de protestos às margens de rodovias pelo país, mas nada que gerasse tumulto à passagem de veículos.
Durante a última semana, várias entidades da categoria resolveram não apoiar o protesto. A Confederação Nacional dos Transportes Autônomos, a CNTA, inclusive, chegou a desconhecer a legitimidade da da manifestação. Líder da greve dos caminhoneiros em 2018, Wallace Landim, o Chorão, disse a VEJA que reconhece os direitos de manifestação da categoria, mas que só valeria a pena fazer algo se houvesse consenso entre os caminhoneiros. “A gente reconhece o direito de protestar da categoria, mas da forma que está sendo feita, sem organização, com uma entidade que está sendo criada, não é a certa. Eu sou a favor do diálogo, de conversar com outras entidades da classe, para que a gente possa construir uma pauta única, que vá trazer benefícios para toda a população”, diz ele, que preside hoje a Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores).
Para Chorão, as manifestações devem ir além da pauta do combustível, mas também pedindo a implementação dos benefícios aprovados durante o governo de Michel Temer, como a lei 13.703, que institui a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas. “Fora a lei do piso mínimo de frete, nós temos três ações que estão no Supremo Tribunal Federal há dois anos.
Só queremos que haja fiscalização e que as empresas cumpram a lei”, diz. Ele vê como positiva, porém, a medida provisória 1.051/2021, que unifica e digitaliza os documentos hoje exigidos para o transporte de cargas. O texto foi aprovado na Câmara dos Deputados e agora tramita no Senado. Se não for aprovada e sancionada até 28 de setembro, a proposta perderá a validade.
Conhecido por manter diálogo próximo com a categoria, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, não se incomodou com o protesto organizado pelo CNTRC.Em nota, a pasta afirmou que a entidade não tem representatividade “para falar em nome do setor do transporte rodoviário de cargas autônomo e que qualquer declaração feita em relação à categoria corresponde apenas à posição isolada de seus dirigentes”. O comunicado continua: “Nenhuma associação isolada pode reivindicar para si falar em nome do transportador rodoviário de cargas autônomo e incorrer neste tipo de conclusão compromete qualquer divulgação fidedigna dos fatos referentes à categoria”, completa. Deve jogar a favor do governo (e também da categoria) o preço do petróleo ter caído na última semana. Quando isso se refletir nas bombas de combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro poderá respirar mais aliviado.

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