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Os desafios e oportunidades para o desenvolvimento sustentável. Esse foi o tema de um dos painéis do BRICS Business Forum desta terça-feira, 20 de outubro. Especialistas de diversas áreas estiveram reunidos no Fórum que, em virtude da pandemia, foi realizado via videoconferência. Eduardo Leão de Sousa, diretor executivo da UNICA, um dos representantes brasileiros no painel, apresentou os aprendizados da experiência brasileira com o uso do etanol de cana-de-açúcar.
O painel contou com a participação de representantes da Rússia, China, índia e África do Sul, cada qual apresentando os principais desafios encontrados para a transição de economias de baixo carbono em seus países. Neste cenário, descarbonização da matriz energética e dos transportes foram alguns dos principais assuntos abordados.
Como representante da UNICA, Eduardo Leão contextualizou o cenário de produção do etanol de cana-de-açúcar no país desde 1973, quando surgiu o programa Proálcool, e seu desenvolvimento como a principal fonte de energia renovável do país. “Seja como combustível ou como fonte de bioeletricidade, a cana-de-açúcar é a fonte de quase 20% da energia consumida no Brasil. Em 2019, por exemplo, o etanol substituiu 48% da gasolina que seria usada na frota de veículos leves”, explica.
Alguns dos principais desafios enfrentados pelos países participantes podem ser mitigados com o uso do etanol: poluição do ar, emissão de CO2 e diminuição da dependência de importação de petróleo. Tudo isso gera impactos positivos na economia local. Das 50 cidades mais poluídas do mundo, 25 estão localizadas na Índia e 22 na China, dois países participantes do BRICS. Já a cidade de São Paulo, quarta maior cidade em população no mundo, está na 879ª posição, devido, principalmente, ao uso de etanol, seja misturado à gasolina ou puro. Essa é a prova de que o etanol pode contribuir com a melhoria da qualidade do ar e da saúde pública em outras cidades”, afirma Eduardo Leão.
O setor de transporte é responsável pela emissão de aproximadamente 25% das emissões de gases de efeito estufa (GEEs), principais causadores do aquecimento global e a estimativa é de que nos próximos 20 anos a frota de carros dobre no mundo todo. Descarbonizar a matriz de transportes é um problema que precisa ser resolvido agora.
Quando comparado aos combustíveis fósseis, o etanol é capaz de reduzir em até 90% o total de emissões. Eduardo Leão explicou que, desde 2003, o etanol evitou no Brasil a emissão de 535 milhões de toneladas de GEEs, equivalente ao plantio de 4 bilhões de árvores nativas e, de novo, esta pode ser uma importante alternativa para os demais países dos BRICS. De fato, a China é o maior emissor de GEE, com 30% das emissões globais, a Índia é o terceiro maior e Rússia, o quarto.
O diretor-executivo seguiu a apresentação demostrando como as políticas públicas e a comunicação possibilitaram essa transformação que ocorreu nos últimos 40 anos, tornando o etanol uma solução com eficiência testada e aprovada, de fácil implementação e com resultados imediatos tanto nas áreas sociais, ambientais e econômicas. Os fatos deixam claro que o etanol pode trazer grandes benefícios aos países dos BRICS que, por sua vez, tem grande potencial de produção dos biocombustível. Há, portanto, uma forte oportunidade de cooperação em tecnologia — agrícola, industrial e automobilística — , troca de experiências em políticas públicas e práticas sustentáveis, bem como no comércio e nos investimentos diretos”, finaliza.
Fonte: Unica