Encontro debate novos cenários e desafios para o setor de combustíveis no Brasil

FECHANDO O CERCO I
11/11/2024
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 Jornal A Tarde 

Ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, exaltou o segmento como vital para o desenvolvimento do País.

O terceiro dia do XVI Encontro de Revendedores de Combustíveis do Nordeste, ontem, no Complexo Costa do Sauípe Eco Resort, foi marcado por palestras de grandes nomes ligados à economia e ao setor no Brasil. Com o tema ‘A Revenda e o Brasil que Queremos, o evento conta com o apoio do governo do estado e segue até o dia 10 de novembro.

A atração mais aguardada foi a palestra do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o tema ‘Cenário – macroeconômico: Perspectivas econômicas para o Brasil 2025’. O economista exaltou o setor de combustíveis como vital para o desenvolvimento do País. “90% do transporte brasileiro é justamente em cima do combustível, então é um setor decisivo para a economia brasileira e vai enfrentar agora o desafio da transição energética”, detalhou.

Apesar de vislumbrar um período de instabilidade devido à crise energética, Guedes ressaltou a resiliência do segmento. “É um setor muito forte, muito resiliente, e o Brasil continuou rodando mesmo durante a guerra da Ucrânia. Os alimentos chegaram nas cidades. É um setor muito forte que nos ajudou muito durante a crise”, avaliou.

Outra participação importante foi a do gerente de Processamento e Gás Natural da Petrobras, Wagner Felicio. Questionado sobre as constantes reclamações das companhias aéreas em relação ao preço do QAV (querosene de aviação), que impactaria no valor das passagens aéreas, Felicio explicou que, embora o custo do combustível seja um dos fatores que afetam o preço das tarifas, isso não pode ser encarado como o único determinante.

“Primeiro que a gente discorda dessa questão de atrelar o custo da passagem aérea com o valor do QAV. Ele é um dos fatores, que obviamente é um custo das companhias aéreas, mas tem diversos outros. O QAV é atrelado a um preço adequado para a aviação aqui, está em competitividade com muitos aeroportos externos. Tem aviões que vêm de fora e abastecem no Brasil, então a gente entende que tem competitividade o nosso QAV”, destacou.

Cenário local

Já para falar sobre o papel da Bahia no cenário de transição energética, o vice-presidente de Comunicação ESG e Relações Institucionais da Acelen, Marcelo Lyra, revelou um novo projeto. Trata-se da elaboração de um combustível limpo e renovável a partir da palmeira brasileira macaúba.

É um projeto considerado desafiador, que envolve US$ 3 bilhões de investimentos e 180 mil hectares de área plantada. “Esse vai ser um grande problema do mundo: a disponibilidade de matéria-prima para produzir combustíveis renováveis. Então, a gente entende que essa integração é fundamental e buscamos uma variedade brasileira, que tivesse possibilidade de ter alta produtividade. Aí nós encontramos [isso] na macaúba, uma palmeira presente no Brasil de norte a sul, e essa presença mostra a resiliência e adaptação dela no Brasil inteiro”, explicou. Lyra ressaltou que a macaúba foi escolhida por ser de sete a dez vezes mais eficiente que o óleo de soja. Sobre a fazenda-modelo para a implantação do sistema, o executivo ressaltou que já foi escolhido um lugar e os processos serão iniciado. “Será [instalada] no estado da Bahia. A gente já tem um investimento inicial, que é uma unidade de Centro de Tecnologia de produção de mudas, que estamos construindo, com um investimento de mais ou menos R$ 320 milhões. Está sendo construída no norte de Minas essa unidade, que vai produzir mudas em larga escala, 10 milhões de mudas por ano. Mas a primeira fazenda-modelo será na Bahia. Estamos nas vias finais de fechar esse esse negócio muito provavelmente em no recôncavo baiano”.

Refinaria vai transformar poluente em Item rentável.

A Refinaria Abreu e Lima, unidade da Petrobras na cidade de Ipojuca, na região metropolitana do Recife, faz os últimos ajustes para iniciar as operações da U-93 Snox, nome técnico da estrutura que reduzirá a emissão de gases poluentes resultantes do refino e, de quebra, transformará as substâncias químicas em produto a ser comercializado.

A previsão é dar a partida na Snox já em dezembro. Com a instalação em funcionamento, a Abreu e Lima (Rnest) fará o abatimento da emissão de óxido de enxofre (SOx) e óxido de nitrogênio (NOx), transformando as substâncias em ácido sulfúrico.

Esta é a primeira unidade Snoxdas Américas e a terceira no mundo. As outras duas ficam na Itália e na Áustria. A operação da Snox proporcionará à Petrobras ao menos três fatores positivos: redução da emissão de poluentes; receita com a venda do ácido sulfúrico; e aumento da capacidade de refino, principalmente do diesel S-10, considerado mais limpo.

A Snox eliminará 99% das emissões de SOx e 95% de NOx. Com menos poluentes lançados à atmosfera, o ganho para o meio ambiente é direto, assim como para a população que vive ao redor da refinaria, localizada a meia-hora de carro do Porto de Suape e a 14 km do balneário Porto de Galinhas. “A nossa responsabilidade socioambiental tem que ser gigante, estamos na região que é um paraíso”, diz o gerente-geral da refinaria, Márcio Maia.

A futura produção de ácido sulfúrico da Rnest já está vendida. Há um contrato entre a Petrobras e o grupo Bauminas, uma das principais empresas do País em produtos químicos para tratamento de água. O acerto vale para a produção total da Petrobras pelo período inicial de dez anos. Os valores não foram revelados.

“A nossa produção vai gerar capacidade para tratar água para 30 milhões de pessoas”, comemora Maia. Um dos gerentes da Abreu e Lima, Rodrigo Avelino, que conheceu a instalação austríaca, destaca o avanço tecnológico da Snox. “Tem poucas no mundo”, afirma. AGÊNCIA BRASIL

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