A ação conta com o apoio de organizações como Childhood Brasil, Grupo Mulheres do Brasil, Instituto Liberta e Vibra, parceiros na luta para mobilização do setor empresarial no enfrentamento do problema
O Globo Online
A cada hora, oito crianças ou adolescentes são vítimas de violência sexual no Brasil, mas apenas 8,5% dos casos são denunciados, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) de 2023. Para jogar luz a essa realidade tão alarmante, uma empresa de energia e distribuição de combustíveis inaugurou a ‘Loja da inconveniência’, que fica aberta entre os dias 20 e 23 de março na Avenida Paulista, na área externa do Shopping Cidade São Paulo.
Ao entrar na loja, em vez de encontrar produtos que facilitam a rotina, o público será confrontado com um circuito visual e sensorial que expõe dados reais sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes. ‘Este é um problema invisível e inaceitável. Precisamos falar sobre isso de forma clara e direta. Essa ação é um chamado à sociedade: olhe para essa realidade e se engaje na luta contra ela’, afirma Ernesto Pousada, CEO da Vibra Energia, que encabeça a ação.
Um levantamento da Polícia Rodoviária Federal identificou mais de 17 mil pontos vulneráveis à exploração sexual infantil ao longo das estradas brasileiras. “Sabemos da nossa responsabilidade como empresa que atua nesse setor e, por isso, estamos comprometidos em usar nossa capilaridade para combater esse crime e proteger crianças e adolescentes”, destaca Pousada.
Prateleiras, embalagens, mostruários e até funcionários foram pensados para mostrar o impacto devastador do abuso e da exploração sexual. Na seção de mercearia, por exemplo, um pacote de pano de chão traz a mensagem: “Não passe pano para parentes. 71,5% dos casos de violência sexual são cometidos por pessoas próximas”. A experiência se desenrola em um percurso que leva os visitantes dos números chocantes ao incentivo à denúncia. No caixa, em vez de uma compra, o público recebe um ‘recibo’ com a conta dessa realidade: os efeitos psicológicos e sociais da violência sexual, como depressão, ansiedade e transtornos alimentares.
Além disso, também nesta quinta-feira, mais de 100 empresas e organizações da sociedade civil se uniram para criar o Movimento Violência Sexual Zero, entre elas, as organizações Childhood Brasil, Grupo Mulheres do Brasil, Instituto Liberta e Vibra crianças e adolescentes, um problema ainda invisibilizado no país. A iniciativa propõe ampliar a conscientização e distribuir materiais educativos para colaboradores das empresas participantes.