Distribuidoras pedem fim de negócios com CBIOs

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Fonte: O Estado de S.Paulo / Coluna do Broadcast

A Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Biocombustíveis (Brasilcom) enviou ao ministro Bento Albuquerque, das Minas e Energia, ofício pedindo a suspensão das negociações dos Créditos de Descarbonização (CBios). Os títulos, emitidos por produtores de etanol e biodiesel, são o principal pilar da política nacional de biocombustíveis, o Renovabio, e deverão ser negociados a partir de abril. As distribuidoras de combustível devem adquirir os créditos para cumprir metas de redução do uso de gases do efeito estufa. No documento obtido pela coluna, a entidade, que representa 40 empresas, argumenta que o valor dos CBIOs é desconhecido e que nenhum agente público ou privado informou parâmetros para precificar o título, “sujeito às especulações financeiras”. » Mais tempo. A Brasilcom pede que os negócios ocorram apenas quando houver uma disponibilidade mínima dos CBIOs para que “não haja distorções da oferta e da procura que venham a majorar sobremaneira o ativo”. Outro pedido é que os CBIOs só sejam lançados no mercado se o emissor primário, ou seja, o produtor, estiver em dia com as obrigações fiscais.
» Na fila. Enquanto distribuidoras reclamam, representantes do setor de etanol trabalham para que Antonio Padua Rodrigues, diretor da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) desde os anos 90, seja indicado ao comando da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O atual presidente, Décio Oddone, renunciou há dois meses, mas segue até 27 de março no comando do órgão que é responsável, entre outras atribuições, por fiscalizar o RenovaBio.
» Não e sim. Na Unica, o presidente Evandro Gussi afirma desconhecer o lobby para a indicação de Padua à ANP. Mas vê o diretor como um grande nome para o cargo de Oddone, embora a Unica perdesse com a eventual saída. » Na fronteira. A Mosaic e o operador logístico Multitrans já têm uma fábrica de mistura de fertilizantes em funcionamento na capital maranhense, São Luís. A ideia é atender melhor também Tocantins e Piauí. “Esperamos dobrar a participação na região de 70 mil para 140 mil toneladas”, diz Eduardo Monteiro, diretor de distribuição de fertilizantes da empresa.
» Para cá. A empresa quer aproveitar a estrutura do Porto do Itaqui (MA) para receber fertilizantes, já que parte da matéria-prima vem dos Estados Unidos e do Canadá. Conforme Monteiro, o Matopi (acrônimo de Maranhão, Tocantins e Piauí) consome em torno de 2 milhões de toneladas do insumo e deve crescer 2% ao ano, em linha com o resto do Brasil.
» Calma, calma. O impacto do coronavírus na China não deve afetar as entregas da Mosaic no Brasil, segundo Monteiro. “Nossa base de abastecimento é a América do Norte, então estamos absolutamente confortáveis de que nossos compromissos serão 100% honrados”, diz. Ainda assim, ele observa que, como a China é um grande produtor de fósforo, especialmente a região mais atingida pela pandemia, os preços estão “bastante firmes” no mercado chinês.
» Desestímulo. A tributação das exportações de soja na Argentina deve fazer com que o país dê prioridade às vendas externas de biodiesel em vez do grão, avalia Daniel Amaral, economista-chefe da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Ele lembra que fábricas do país já tinham comprado soja, a preços mais baixos, antes do aumento do imposto, no início do mês, para 33% no caso de soja e derivados e 30% do biodiesel. “A indústria vai tentar agregar valor na forma de biodiesel e exportá-lo, porque paga menos imposto”, afirma.

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