Fonte: O GLOBO
A queda do preço do açúcar no mercado internacional está fazendo com que as usinas brasileiras voltem sua produção para o etanol na atual safra de cana de açúcar. O resultado é que as vendas do produto cresceram, o preço do combustível está mais competitivo em relação à gasolina e essa vantagem está chegando ao bolso do consumidor.
No Rio de Janeiro, depois de 8 anos, o etanol voltou a ser vantajoso. A última vez que isso tinha acontecido foi em outubro de 2010.
Pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com dados compilados pela Unica, entidade que representa os produtores de cana de açúcar, mostra que a paridade média entre o preço dos combustíveis no Brasil está em 62%. O etanol fica mais competitivo quando o valor do combustível custar menos do que 70% do preço cobrado pela gasolina, já que o veículo abastecido com álcool gasta mais litros para percorrer a mesma distância.
— A safra 2018/2019 de cana será alcooleira.
Tradicionalmente o mix é de 45% para produção de açúcar e 55% para etanol. Mas este ano, a indicação é que teremos 38% da safra destinada à produção de açúcar e 62% para etanol. Com maior oferta de etanol, está havendo uma redução de preço significativa — diz Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica.
Atualmente é possível encontrar etanol com preço mais competitivo em todos os estados do país. Calcula-se que nos 42 mil postos de revenda de combustível no Brasil em 50% deles o consumidor vai ter como alternativa o etanol com melhor preço que a gasolina. A relação entre os preços dos dois combustíveis em seis estados — São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Rio de Janeiro — é a melhor da década.
— Hoje temos etanol mais competitivo que a gasolina em mais de 2 mil municípios do Brasil - afirma Pádua.
Na capital paulista e em cidades do interior do estado, a relação está abaixo dos 60%. O preço médio da gasolina está em R$ 4,50, enquanto o do álcool chega a R$ 2,46, uma paridade de 58,3%. Em Goiás, a relação é de 60,2%, com o litro da gasolina custando R$ 4,68 e o do álcool R$ 2,82. No Rio de Janeiro, a relação está em 68,3%. O valor médio do litro da gasolina é de R$ 4,93 e o do álcool R$ 3,37.
— No Rio de Janeiro, mesmo com uma frota flex, o motorista tradicionalmente usa gasolina. Agora, o etanol está mais competitivo — diz Pádua.
Além da safra alcooleira, a política de preços da Petrobras para a gasolina, que acompanha o mercado internacional, também favoreceu o etanol. Desde outubro de 2016, quando o sistema foi adotado pela estatal, o preço da gasolina nas refinarias saltou de R$ 1,54 o litro para R$ 1,94, uma alta de quase 26%. Já em relação ao etanol, no mesmo período, o preço ao produtor caiu de R$ 1,57 para R$ 1,39, baixa de 12%. Pádua observa que como há uma mistura de 27% de álcool anidro à gasolina, a queda do preço do etanol também ajuda a segurar o preço do gasolina.
A previsão é que este ano a safra de cana da região centro/sul do país produza quase 30 bilhões de litros de etanol frente aos 27 bilhões produzidos ano passado. A safra de cada nesta temporada 2018/2019 estimada é de 560 milhões de toneladas frente aos 596 milhões produzidas na safra passada.