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As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) enfrentaram forte volatilidade em 2022, ano da eleição presidencial mais polarizadas do século. Apesar disso, os ativos da estatal fecharam em alta de cerca de 37%. Mas, agora, com Lula (PT) no poder, o que esperar da petrolífera brasileira?
Segundo o analista de commodities da Benndorf, Júlio Borba, os investidores podem esperar quatro principais pontos para a Petrobras de Lula: aumento de Capex; receitas menores; redução de eficiência; e queda “drástica” de dividendos.
Sobre a possibilidade de privatização da estatal — defendida e cogitada por Jair Bolsonaro (PL) —, o analista ainda destaca que certamente “não irá acontecer no governo Lula, assim como em nenhum outro eventual futuro governo do seu partido”.
Em novembro, Lula, como presidente eleito, voltou a afirmar que a Petrobras “não será fatiada” e que pretende fazer mudanças na forma da gestão. Durante sua campanha, o petista já criticava a venda de subsidiárias da empresa.
Mais investimentos na Petrobras
Borba, da Benndorf, afirma que, pelas declarações de Lula e de potenciais presidentes da Petrobras, a empresa terá um aumento de Capex (capital expenditure). Ou seja, a estatal deve receber mais investimentos nos próximos quatro anos.
O analista ressalta que o governo deve investir em projetos de energia limpa e refino de combustíveis. Além disso, o projeto seria criar um portfólio mais diversificado para a companhia.
No programa de governo de Lula, a estatal deve ser uma empresa integrada de energia, com foco na transição energética.
Redução de eficiência
O analista da Benndorf afirma que a Petrobras deve enfrentar uma “redução em sua eficiência” nos próximos anos. Ele estima um leve aumento de custos e despesas, assim como a descontinuidade do plano de venda de ativos, “o que irá reduzir a geração de caixa da companhia”.
Com isso, é esperado uma queda nas receitas. Segundo Borba, a empresa deve ter atraso nos repasses de preço para os derivados do petróleo ou até mesmo uma mudança na política de precificação dos combustíveis.
Lula já afirmou que quer implementar uma nova política de preços na Petrobras a fim de substituir a atual paridade de preço internacional (PPI). Uma das propostas é que haja variação no valor do combustível por região.
Dividendos vão deixar a desejar
Em relação aos dividendos, os investidores podem esperar uma “queda drástica”. O dividend yield (rendimento) projetado para 2023 é inferior a 10%, em linha com a distribuição obrigatória de pelo menos 25% do lucro líquido.
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O analista da Benndorf afirma que isso se deve tanto à mudança no payout (taxa de pagamento) quanto à redução de lucros e geração de caixa projetada para a empresa no ano.
Para o presidente da República, a gestão da Petrobras reduz a capacidade de investimento da empresa ao distribuir lucro para acionistas ao invés de concentrar esforços na ampliação. Lula já criticava os altos dividendos da estatal antes da eleição.
Vale a pena ter Petrobras em 2023?
Na análise da Benndorf, as ações da Petrobras são atraentes para 2023, apesar dos riscos.
“Boa parte da piora dos fundamentos da empresa já foram precificados, portanto, no patamar de preço atual, a Petrobras oferece uma relação risco-retorno interessante para o acionista em 2023”, diz Borba.
Apesar disso, o risco ainda é elevado e o analista lembra que a exposição ao papel deve estar de acordo com o perfil do investidor.