Combustível limpo e energia renovável: o futuro da Vibra

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Exame

O que será dos postos de combustíveis, quando chegar o futuro próximo da mobilidade elétrica, com menos combustíveis fósseis? No Brasil, são mais de 40.000 pontos de abastecimento espalhados de uma ponta a outra do país. A existência desses estabelecimentos não parece combinar com as tecnologias que apontam no horizonte, em que os próprios consumidores terão autonomia para abastecer os carros em pontos de energia elétrica de shoppings, na garagem dos escritórios ou até em casa.
Para a dona da bandeira BR, responsável por mais de 8.000 postos, a resposta para a dúvida é: os postos de combustíveis serão postos de energia. E o plano não é tão simples quanto colocar pontos de carregamento elétrico nos postos – embora isso também já esteja sendo feito em 300 eletropostos BR espalhados por 8 estados brasileiros. O objetivo da Vibra (VBBR3), nome dado à antiga BR Distribuidora após o plano de privatização, é ser uma plataforma multienergia.
Atualmente, quase 6 em cada 10 reais faturados pela antiga BR vem da rede de postos. O restante vem, basicamente, dos negócios de venda direta de combustíveis para empresas. A frente de novos negócios tem uma fração ainda menor. Porém, a expectativa da empresa é que, em um futuro breve, a participação desse último grupo fique mais equilibrada na balança.
“O negócio de combustíveis continuará a ser relevante, mas queremos fazer a nossa própria transição energética”, disse André Natal, CFO da Vibra, em entrevista à EXAME Invest. Por meio de parcerias e aquisições, a antiga BR Distribudora investiu em três frentes: etanol, biocombustíveis e energia elétrica renovável.
Antes de tudo, cabe dizer que o plano não tem a ver apenas com o compromisso de um futuro mais verde. A questão é que a Vibra entendeu que os clientes que hoje compram combustível serão os mesmos que demandarão por outras fontes em um futuro breve, e atender a essa clientela de décadas será fundamental para manter os resultados em dia.
Segundo cálculos da empresa, os investimentos feitos em novos negócios aumentarão o Ebitda, de forma consistente, em 50% nos próximos cinco anos.
Os “parceiros” da Vibra
Um dos passos mais importantes da jornada foi dado no ano passado, com a compra de 50% da Comerc por R$ 3,25 bilhões. A Comerc é uma das maiores comercializadoras de energia no mercado livre – ou seja, ela é uma fornecedora de energia elétrica para empresas. Parte dessa energia vem de projetos solares e eólicos desenvolvidos pela própria comercializadora.
“A parceria nos consolida na posição de plataforma multienergia. O mercado livre de energia é o que mais tende a crescer, e a Comerc tem a vantagem competitiva de comercializar energia renovável”, disse Wilson Ferreira Junior, CEO da Vibra, em conferência com analistas. Ferreira Junior deve permanecer no comando da Vibra até o mês que vem, quando assumirá a presidência da Eletrobras.
A compra da Comerc tem uma importante digital de Ferreira Junior. Com uma carreira de quase 30 anos no setor de energia elétrica, o executivo assumiu a então BR Distribuidora às vésperas do follow-on que privatizou a companhia e a transformou em Vibra. Parte do plano era diversificar os negócios, tarefa que foi empenhada não só na frente de energia elétrica, mas também em outros segmentos.
Sob a batuta de Ferreira Junior, a Vibra também firmou uma joint-venture com a Copersucar para a comercialização de etanol. Antes, os postos BR eram abastecidos pelo produto que era comprado diretamente das usinas.Agora, todo o etanol produzido pela Copersucar vai para a joint-venture com a Vibra, e a ideia é, em breve, não só abastecer os postos da rede, mas também outros clientes do mercado.
Embora o etanol seja um “bicho” já conhecido pela Vibra, em razão da experiência com os postos BR, a estratégia agora é diferente. O negócio com a Copersucar, recém-batizado de Evolua, vai conversar com outra aquisição da Vibra. No mês passado, a empresa adquiriu 50% da ZEG Biogás, empresa que produz e comercializa biocombustíveis.
As sobras do etanol produzido pela Copersucar (chamadas de “vinhaça”) alimentarão a produção de biogás e biometano da ZEG.
“É uma união em que nós oferecemos a capacidade financeira, o acesso aos clientes e, principalmente, a matéria prima, a vinhaça”, explicou Natal, da Vibra.
As participações têm sido arquitetados de duas formas: ou a Vibra firma joint-ventures com essas empresas, ou adquire uma fatia de 50% (ou menos) da parceira –e não é por acaso. O plano aqui, diz Natal, é permitir que os novos negócios caminhem de forma independente, preservando, inclusive, os times que criaram e operam a empresa.

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