Nova Cana | Notícias
Dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que a redução de preço do etanol hidratado nas usinas paulistas, nos últimos quatro meses, não foi repassada na mesma proporção aos consumidores.
Em outubro, as destilarias comercializavam o litro do combustível a R$ 1,90 e os postos revendiam em média por R$ 2,52. Na última semana, porém, o litro do etanol saiu por cerca de R$ 1,74 da indústria, mas chegou ao consumidor 10,3% mais caro: R$ 2,78, em média.
Os dados são do Sistema de Levantamento de Preços (SLP) da ANP e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
Ao Jornal da EPTV, o Sindicato Brasileiro das Distribuidoras de Combustíveis justificou que o preço para o consumidor não baixou porque o litro de etanol, com os impostos, não sai por menos que R$ 2,10.
Mais barato nas usinas
O usineiro Antônio Eduardo Toniello Filho explica que, geralmente, a tendência é de alta no preço do etanol hidratado durante a entressafra, entre dezembro e abril, justamente porque nesse período as usinas interrompem a produção.
Esse ano, porém, as destilarias decidiram reduzir o valor em 10% para vender o estoque e investir na manutenção dos equipamentos. Além disso, a queda tem o objetivo de incentivar a venda do combustível e equilibrar a concorrência com a gasolina.
“Nós perdemos competitividade. A nossa relação saiu de 70% e foi para quase 80%. Com isso, a demanda caiu e a oferta aumentou. As usinas precisam fazer os pagamentos, muitas delas vão começar a moer no mês que vem e também precisam diminuir os estoques”, diz.
Impostos
O economista José Carlos de Lima Junior, professor da Faculdade de Economia, Contabilidade e Administração de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP), explica que o retorno do PIS/Cofins sobre o etanol, desde janeiro, contribuiu para encarecer o produto nas bombas.
Desde 2013, importadores e produtores de etanol estavam isentos da tributação de R$ 0,12 por litro de etanol hidratado vendido. A desoneração integrava um pacote de medidas concedido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para beneficiar o setor sucroenergético.
“Mesmo com o PIS/Cofins, o valor que chegaria para o consumidor deveria ser muito menor. Então, na verdade, tem uma margem adicional que está sendo cobrada e, provavelmente, está no canal de distribuição, ou seja, na distribuidora e nos postos de combustível”, diz.