Fonte: Folha de S. Paulo
Um utilitário de quase duas toneladas se move em silêncio por São Paulo. O Volvo XC90 T8 passeia usando apenas energia elétrica, algo possível por 35 quilômetros. As vantagens ambientais são evidentes, embora não sejam o principal fator de compra.
De acordo com Leandro Teixeira, diretor de marketing da Volvo, pesquisas mostram que clientes desse segmento se importam mais com potência, status e tecnologia, e raramente incluem preocupações ecológicas entre os motivos para comprar o utilitário de R$ 457 mil.
O mesmo acontece com o Porsche Cayenne Hybrid (R$ 432 mil) e o esportivo BMW i8 (R$ 798 mil), que podem tanto andar rápido como ser exemplos de veículos verdes. Cabe a esses supercarros o papel de apresentar um futuro menos poluído a um país que tem muita energia limpa a oferecer e poucos veículos para aproveitá-la.
Os modelos mencionados têm tecnologia híbrida plug-in. Isso significa que,além de poderem funcionar ao mesmo tempo com gasolina e eletricidade, podem ser recarregados na tomada. Se hoje são raros símbolos de status, amanhã terão a companhia de opções mais em conta.
“Carros desse tipo são pensados para os ‘early adopters’, termo que define aqueles que gostam de ser os primeiros a adotar uma nova tecnologia. Eles querem ter uma imagem descolada e ditam tendências”, diz Roger Armellini, gerente geral de planejamento de produto e preço da Toyota no Brasil.
A montadora japonesa é uma das que mais apostam na massificação dos carros verdes: segundo a diretriz da empresa, todos os seus veículos novos terão alguma tecnologia não poluente até 2050. O principal dessa estratégia é o híbrido Prius, vendido no Brasil por R$ 126,6 mil, mas sem sistema plug-in.
Armellini explica que esse é o ciclo natural na indústria automotiva: os avanços surgem em modelos mais caros, que vendem pouco, mas despertam o desejo do grande público. Por isso é fácil prever que, embora ainda discreta, a presença de carrões não poluentes no Brasil é o começo da mudança nas ruas.
“Analisamos sempre o mercado, as demandas, e o que temos hoje no país se deve à nossa matriz energética. Há estudos de como o reabastecimento em larga escala de carros plug-in ou 100% elétricos poderia impactar na rede elétrica, e alguns empreendimentos novos já oferecem pontos de recarga, embora ainda incipientes”, diz o executivo da Toyota.
Enquanto carros mais acessíveis e livres de emissões não chegam, vale conhecer os ganhos reais das novas tecnologias. O Volvo XC90 T8 foi levado ao Instituto Mauá de Tecnologia para medições de desempenho.
Na prova de consumo urbano no modo híbrido, o utilitário teve média de 29,4 km/l com gasolina. É o melhor resultado já obtido entre todos os carros que passaram pelo teste, e ainda há a possibilidade, embora limitada a 35 quilômetros, de rodar usando somente eletricidade.