Valor Econômico
Os primeiros veículos elétricos de pouso e decolagem vertical (eVTOLs) da Eve Urban Air Mobility entrarão em serviço em 2026 e, embora a primeira grande encomenda seja direcionada ao mercado internacional, o Brasil também está no radar da startup de “carros voadores” da Embraer. “É possível esperar novidades muito em breve”, disse ao Valor o presidente da empresa de soluções de mobilidade aérea urbana, André Stein.
A Eve foi lançada no ano passado como empresa independente pela EmbraerX, braço de inovação radical da fabricante de aeronaves brasileira, e anunciou ontem seu primeiro pedido, um dos maiores da indústria. Como parte de uma parceria mais ampla de desenvolvimento de produtos e serviços, o acordo com a Halo, líder em operações de táxi aéreo de helicóptero nos Estados Unidos e no Reino Unido, inclui 200 unidades do eVTOL que está em desenvolvimento há cerca de quatro anos.
Operadora de táxi aéreo Halo será parceira da startup em sua estreia no mercado dos Estados Unidos e do Reino Unido
O início das entregas está previsto para 2026. Num primeiro momento, o plano é produzir a aeronave em uma das fábricas brasileiras da Embraer – ainda não há decisão final sobre a unidade que vai sediar a montagem do veículo que promete quebrar paradigmas no transporte urbano, explicou Stein.
A cadência e o valor do contrato – avaliado como “considerável” – não foram divulgados por razões estratégicas. Mas, por se tratar de um mercado que pode chegar a 160 mil unidades em 2050 segundo pesquisa da Roland Berger apresentada no ano passado, espera-se que o ritmo seja maior do que normalmente visto na aviação.
Já o custo total do eVTOL corresponde a dois terços do custo de um helicóptero equiparável, como um biturbina que faz táxi aéreo em Nova York. A redução nos custos de manutenção também é considerável em relação ao helicóptero tradicional.
Conforme o executivo, a Eve já trabalhava com a perspectiva de início de operação do eVTOL em 2026, mas ainda não havia fixado uma data publicamente por se tratar de um programa novo, e de novas tecnologias. A expectativa é a de que a certificação junto às agências reguladoras – o foco inicial está nos Estados Unidos (FAA), na Europa (EASA) e no Brasil (Anac) – seja obtida em tempo hábil para que as entregas à Halo possam ser iniciadas num prazo de cinco anos a partir de agora. Há conversas também na Austrália, acrescentou Stein.
Na avaliação do executivo, o fato de o acordo englobar também um pedido firme significativo de aeronaves dá novo fôlego ao projeto. No Reino Unido, além da ordem da Halo, a Eve lidera um consórcio de empresas de mobilidade área e aeronáutica que trabalha em conjunto para integrar os eVTOLs ao espaço aéreo do Reino Unido.
Em nota, o diretor do Directional Aviation, fundo de investimento do qual a Halo faz parte, Kenneth C. Ricci, disse que a aeronave projetada pela Eve está “bem preparada para a certificação inicial e, além disso, apresenta um histórico comprovado de produção”. “O relacionamento entre a Embraer e a Eve criará uma das infraestruturas globais de suporte ao produto mais bem-sucedidas do setor”, afirmou, acrescentando que o trabalho que Eve e Embraer executaram em relação ao sistema de gerenciamento de tráfego contribuem para essa avaliação.
A parceria entre Eve e Halo também se estende ao desenvolvimento contínuo do sistema de gestão de tráfego aéreo urbano bem como nas ofertas de serviços e operações de frotas. “A força das operações internacionais da Halo, junto com o portfólio de UAM [mobilidade aérea urbana] da Eve, será uma demonstração importante de como essas parcerias podem aumentar a acessibilidade e viabilidade financeira, à medida que essas duas empresas trabalham para escalar com segurança as operações de UAM em todo o mundo”, informou a Embraer, em nota.
O eVTOL da Eve, cujo design é visto como simples e intuitivo, atingiu marcos como o primeiro voo do simulador de engenharia em julho de 2020 e modelo em escala em outubro. A startup conta com ainda com suporte da Atech, subsidiária da Embraer de gerenciamento de tráfego aéreo.