Fonte: Época Negócios Online
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não deverá ter ajuda do Brasil em seus esforços para reduzir a oferta da commodity, uma vez que o país pretende impulsionar a produção e a exploração nos próximos anos para monetizar suas reservas, disse à Reuters o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa.
Na véspera, o secretário-geral da Opep, Mohammed Barkindo, pediu ajuda até mesmo dos Estados Unidos para reduzir a oferta global da commodity e disse que os produtores norte-americanos de petróleo de xisto deveriam se preocupar também com um eventual impacto de uma queda nos preços.
O ministro do Petróleo da Venezuela, Eulogio del Pino, disse no início de outubro que foram feitos convites para que entre mais 10 e 12 países se juntem aos esforços da Opep para cortar A produção. Segundo ele, os convidados são da América do Sul e da África.
“Houve um momento em que havia uma preocupação, no sentido de que essa é uma riqueza que deve ser explorada com cuidado, para que as próximas gerações se aproveitem dela. E cada vez mais é o contrário, a gente tem que acelerar o aproveitamento dessa riqueza”, disse Pedrosa.
Ele disse não ter conhecimento de um contato da Opep para que o Brasil se junte aos esforços de corte de oferta. Ainda assim, segundo Pedrosa, atender um chamado desses não faria sentido para o país, nem com uma redução na produção da Petrobras e nem com a desaceleração da oferta de novas áreas para exploração.
“A Petrobras é uma empresa que hoje é conduzida pela lógica empresarial, não vejo interesse do país em decidir levar a Petrobras a uma decisão que não seja a que faz mais sentido para ela. E nem faz sentido a gente reduzir a oferta de áreas para exploração futura”, disse Pedrosa.
Ele defendeu que o Brasil tem de aproveitar suas reservas antes que o mundo entre em uma “era renovável”, em que outras tecnologias ganharão importância, como a energia solar e os carros elétricos, com impacto sobre a demanda por petróleo.
“A idade da pedra não acabou por falta de pedra, e a idade do petróleo não acabará por falta de petróleo. Começou a haver uma corrida para aproveitar o recurso que se tem, porque lá na frente ele pode não ter valor”, adicionou o secretário.
A produção de petróleo do Brasil em agosto somou 2,576 milhões de barris por dia, com queda de 1,3% ante igual mês de 2016, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A título de comparação, a Rússia, líder global em produção, registrou a extração de 10,9 milhões de barris por dia em petróleo em agosto.
A Petrobras responde por 94% da produção brasileira, segundo a ANP, em um ranking com os maiores operadores do país, seguida pela norueguesa Statoil, com 3%, e a Shell, com 1,3%.
Do lado da oferta de áreas para exploração e produção, o Brasil já possui rodadas de licitação agendadas para 2017, 2018 e 2019, e há planos para outras.
O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, disse nesta semana que o governo avalia sinalizar a realização de ao menos dois leilões de novas áreas por ano também para 2020 e 2021.
Além disso, está em avaliação a ideia de agendar leilões para vender os direitos da exploração dos excedentes da chamada Cessão Onerosa, em que a Petrobras fechou contrato para explorar 5 bilhões de barris de óleo equivalente sem licitação.
Segundo Félix, a área da cessão onerosa pode ter de 5 a 10 bilhões de barris além dos cedidos à Petrobras. O governo avalia vender essas reservas possivelmente em mais de um leilão, com o primeiro deles em 2018.
Segundo o delegado, o grupo criminoso alvo da operação atuava em conjunto para adquirir combustível mais barato na Venezuela e revender em Roraima. Os 122 investigados agiam juntos, aponta a PF. O preço do litro de combustível adquirido por eles no país vizinho variava entre R$ 0,60 e R$ 1,00.
“A investigação apontou que os alvos compravam gasolina mais barata em Santa Elena [cidade venezuelana na fronteira com Pacaraima] e transportavam em carros para venda em Boa Vista”, detalhou Morato.
PMs facilitavam contrabando, diz PF
De acordo com o delegado, os servidores públicos investigados, incluindo os PMs, faziam acordos com os contrabandistas para facilitar a travessia do combustível na fronteira. Carros usados para o contrabando de gasolina foram apreendidos.
Para facilitar o transporte do combustível entre Boa Vista e Santa Elena, os contrabandistas usavam entrepostos em comunidades indígenas e na região de mata. O grupo movimentava no mínimo R$ 1 milhão ao mês, conforme estimativa da PF.
“Eles usavam esses entrepostos em comunidades indígenas para armazenar a gasolina e ir trazendo aos poucos para a capital”, explicou o delegado.
Em Boa Vista, os principais compradores desse combustível ilegal eram, segundo a PF, motoristas de táxis convencionais, de lotação e garimpeiros.
Ainda segundo a PF, as 44 pessoas que são alvos de mandados de prisão vão ser indiciadas pelos crimes de contrabando, facilitação ao contrabando e corrupção.
Sobre a investigação envolvendo policiais, o comando da PM informou em nota que “está à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários e que aguardará a conclusão das investigações para adotar as medidas pertinentes à conduta dos policias, respeitando o devido processo legal e a presunção de inocência”.
Os presos serão conduzidos as unidades prisionais do estado e devem passar por audiência de custódia.
A operação foi batizada de ‘Bachaquero’ em alusão ao apelido dado por venezuelanos aos contrabandistas. As investigações eram feitas desde 2015.