Reuters
A BR Distribuidora, maior empresa do setor de distribuição de combustíveis do Brasil, tem visto melhores volumes de vendas de etanol, gasolina, diesel e até de combustíveis de aviação no quarto trimestre, pela maior mobilidade nas cidades e uma recuperação da economia do país.
Essa tendência de recuperação segue-se ao impacto da pandemia no primeiro semestre, disse nesta quarta-feira o presidente da companhia, Rafael Grisolia.
“Tem um retorno da mobilidade nas cidades, conseguimos ver isso nos volumes do ciclo otto do quarto trimestre, mesmo diesel, conseguimos ver atividade econômica forte no quarto tri, mesmo o setor de aviação, que ainda tem quedas expressivas, mas com recuperação forte. São sinais que nos deixam otimistas como empresa”, afirmou ele, em teleconferência sobre os resultados do terceiro trimestre.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da BR aumentou 1,8% no terceiro trimestre na comparação com 2019, para 834 milhões de reais, e avançou 2,2% ante o trimestre anterior.
Ele disse ainda que a BR está em negociações avançadas para potencial acordo com a Lojas Americanas no segmento de conveniência nos postos.
“Estamos mais próximos do que estávamos no segundo trimestre de chegar a alguma conclusão, estamos mais próximos de mostrar ao mercado sobre esta nossa potencial parceria”, disse.
A Lojas Americanas e a BR assinaram memorando de entendimentos não vinculante ao final de agosto sobre a viabilidade de uma possível parceria estratégica no segmento de lojas de conveniência.
O executivo disse também que está atento às mudanças nos mercados de gás e energia, assim como GNL, produtos de interesse da BR.
No caso do GNL, ele afirmou que a empresa está buscando informações sobre uma “questão de compliance” envolvendo um ex-executivo da Golar, antes de avançar em uma joint venture com essa companhia que inclusive já teve aval do órgão Cade.
“Estamos buscando todas as informações, temos que ter o máximo de dados, deu uma segurada por essa questão de compliance.”
A Golar Power chegou a ser desclassificada pela Petrobras em uma licitação para arrendamento de um terminal de regaseificação na Bahia, depois de um ex-executivo de uma empresa do grupo ter sido citado em uma investigação da Lava Jato, em um caso em que as alegações foram refutadas.
Ele comentou também, sem dar detalhes, sobre um projeto na área de comercialização de energia elétrica, e disse que há uma negociação que “pode resultar em novidade possivelmente antes do final do ano”.
Questionado durante a conferência com analistas sobre o processo para a venda de fatia da Petrobras na distribuidora, ele disse não ter novas informações, mas lembrou que a estatal já tomou sua decisão e a questão agora não é “se” vai vender, mas “quando”, o que deve ocorrer no momento em que a direção da petroleira considerar o melhor.
“Estamos a postos, é claro que é um evento importante para a companhia, vamos ser envolvidos na hora de fazer ‘road show…”, afirmou. “A Petrobras tem que achar o ponto ótimo, estamos alinhados e preparados…”
A Petrobras ainda detém fatia remanescente de 37,5% na BR.
Sobre o processo de desinvestimento em refinarias da Petrobras e como a BR está se preparando, uma vez que é o grande cliente da estatal, ele disse que “é um movimento importante de mudança, e como toda mudança tem ameaças mas também tem oportunidades”.
Com a alienação de cerca de metade do parque de refino programada pela Petrobras, Grisolia disse que o mercado “tende a ser mais normal em termos de negociação”.
“Sobre o papel que a BR tem, sendo o principal cliente de qualquer refinaria, vamos ver como vai se mover, e estamos ativos tanto na parte negocial quanto na parte de desenho logístico para a decisão de compras de produtos”, afirmou, ao ser questionado se vem mantendo contatos com potenciais interessados nas refinarias.
1 Comentário
Essa abertura do mercado vai mudar a cara dos protagonistas que mandam nós negócios de petróleo e gás. Vamos nos preparar !