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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a afirmar que a gasolina e o gás de cozinha no país estão “baratos”. Em conversa com apoiadores na volta ao Palácio do Alvorada, no fim da tarde de ontem, Bolsonaro disse que a população precisa entender como é a formação do preço desses itens antes de criticar o governo federal.
Levantamento da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) mostra que o preço da gasolina já passa dos R$ 7 por litro nos postos do Acre e o custo do botijão de gás de 13 kg já chega a R$ 100 na região Norte.
Bolsonaro tem alegado que a gasolina e o gás de cozinha estão baratos porque saem das refinarias da Petrobras com preço bem menor do que o cobrado do consumidor final. O que os encarece, segundo o presidente, são as outras etapas, como transporte, margem de lucro das empresas e o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), recolhido por estados.
Porém, não faz sentido considerar o preço desses itens nas refinarias para dizer que eles estão baratos, pois não é possível o consumidor comprar gás e gasolina direto da Petrobras. Da mesma forma, o consumidor não compra alimentos direto do produtor e o que vale é o preço que ele paga nos supermercados.
Segundo dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor – Amplo 15), divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o preço da gasolina acumula alta de 39,52% nos últimos 12 meses nos postos do país.
Bolsonaro distorceu dados para defender preços ‘baratos’ Em live no Facebook na última quinta-feira (19), Bolsonaro já havia dito que a gasolina e o gás estavam “baratos”. No entanto, o presidente distorceu uma série de informações para defender sua posição, como apontou o UOL Confere.
Na ocasião, Bolsonaro errou o preço da gasolina nas refinarias da Petrobras —ele disse que era R$ 1,95 por litro, quando, na verdade, o valor era de R$ 2,03— e omitiu que o combustível acumula alta de 51% nas refinarias da estatal em 2021.
Sobre o gás de cozinha, o presidente afirmou que zerou o imposto federal, mas o corte promovido por sua gestão desonerou a cadeia em apenas R$ 2,18, o que representa 2,3% do preço médio no país.
Além disso, o desconto do governo acabou absorvido pelos outros fatores que compõem o preço do gás de cozinha, principalmente pelos reajustes nas refinarias da Petrobras. Hoje, 48,2% do valor final corresponde ao preço da Petrobras e 37%, à distribuição e revenda. O produto tem sofrido sucessivos aumentos em 2021.