BNDES aprova R$ 500 milhões do Fundo Clima para empresa de etanol de milho

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Folha de São Paulo

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anuncia nesta sexta-feira (13) a aprovação de financiamento de R$ 500 milhões para a ampliação da capacidade produtiva da FS, empresa do setor de etanol de milho em Mato Grosso.
Conforme o banco, a fonte dos recursos é o Fundo Clima, administrado pela instituição de fomento.
A FS, diz o BNDES, tem plano de crescimento focado em Mato Grosso. A empresa conta com unidades nos municípios de Lucas do Rio Verde, Sorriso e Primavera do Leste e deve instalar uma nova operação em Querência (a cerca de 760 km de Cuiabá).
“A região de Querência tem capacidade de produção de milho bem consolidada e com muito potencial de crescimento”, afirmou o CEO da FS, Rafael Abud.
Segundo ele, a localização possibilita a criação de estratégia logística para distribuição de mercadorias a diferentes pontos do estado e do Norte e do Nordeste do país.
A companhia tem hoje capacidade para produzir em torno de 2,3 bilhões de litros de etanol por ano. Também possui tecnologia para fabricação de produtos de nutrição animal conhecidos pela sigla DDG.
O Fundo Clima, criado em 2009, é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. O BNDES atua como gestor da aplicação de recursos reembolsáveis.
Com capacidade ampliada neste ano, o fundo tem até R$ 10,4 bilhões para financiar projetos do setor público, de empresas privadas e do terceiro setor.
Combustíveis como etanol de milho são vistos como apostas para a transição energética no Brasil. Na avaliação do diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, o crescimento da oferta do produto tem sido fundamental para a garantia do abastecimento de etanol no país.
Em entrevista à Folha em julho, Gordon indicou que a aprovação de crédito do banco para projetos da área de biocombustíveis tende a crescer novamente em 2024, sob impacto da ampliação de recursos do Fundo Clima.
“A descarbonização brasileira é um pilar do Plano Mais Produção [do governo federal] e tem no setor de biocombustíveis um potencial imenso”, disse o diretor em nota sobre o financiamento de R$ 500 milhões à FS.
“É um diferencial estratégico do Brasil, e as empresas podem contar com o Novo Fundo Clima para apoiar a indústria verde e o desenvolvimento tecnológico voltados a uma transição ecológica justa”, acrescentou.
Também em nota, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, declarou que a “complementariedade” entre o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a Nova Indústria Brasil e o Plano de Transformação Ecológica do governo Lula (PT) tem permitido centrar esforços “na direção do desenvolvimento, com melhora na infraestrutura, na aceleração da transição energética, na descarbonização e na neoindustrialização”.
“Esse projeto [financiamento da FS] é um exemplo da sinergia dessas três políticas públicas e da importância do BNDES, que tem sido um agente decisivo do crédito”, afirmou Mercadante.
Em declarações recentes, o presidente do banco defendeu a ideia de que a transição energética depende de recursos públicos e não pode ficar restrita a empréstimos no setor privado.
“Se deixarmos simplesmente pelas forças de mercado e pelo menor custo, vamos continuar emitindo gás carbônico, aquecendo o planeta”, disse Mercadante em abril.
O Brasil enfrenta em 2024 uma disparada das queimadas cujos efeitos são vistos e sentidos no ar de várias regiões do país, mas as atuais medidas do governo federal estão aquém do necessário para fazer frente ao problema, segundo reportagem publicada pela Folha nesta semana.
A crise de fogo ocorre em meio à pior seca já registrada no país desde o início da atual série histórica, em 1950, conforme o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).
Apesar do incremento orçamentário e estrutural em relação à gestão de Jair Bolsonaro, que promoveu um desmonte no setor, as ações do governo Lula necessitam de priorização e organização mais robustas do que as apresentadas até agora, além da mobilização de estados, municípios e Congresso, dizem especialistas.

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