Valor Econômico
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o hidrogênio já é uma aposta do país para o desenvolvimento dos “combustíveis do futuro”. Segundo ele, há 20 anos o país estuda a fonte incipiente de geração de eletricidade, além de manter parcerias internacionais com Alemanha, Chile e outros países. Ele participou nesta segunda-feira (31) do Fórum de Investimentos Brasil 2021.
Albuquerque disse que o chamado “hidrogênio verde”, que não envolve emissão de gases poluentes, deverá ser estimulado pelo governo. Há a previsão, segundo ele, de lançar, em junho, um programa para desenvolver o ‘hidrogênio verde’ no país, que deve resultar num primeiro marco legal do segmento.
Em paralelo, o país começa a discutir a incorporação da geração eólica em alto-mar (offshore), que já conta com 32 gigawatts (GW) de potência em projetos relacionados a essa fonte. A maior parte dos empreendimentos foi projetada principalmente para as regiões Nordeste e Sul.
Na fala inicial, o ministro ressaltou aos investidores estrangeiros que 49% da matriz energética do país é considerada renovável. Se considerar apenas o setor elétrico, este percentual sobe para 85% de fontes renováveis.
Albuquerque ressaltou que o Brasil exerce uma liderança natural no processo de transição energética, que valoriza fontes de baixa emissão de carbono. Por isso, o país dará importante contribuição para um mundo sem emissões, meta prevista para 2050. Durante o evento, ele mencionou que o setor elétrico deverá receber R$ 400 bilhões nos próximos anos.
Biocombustíveis
Segundo o ministro, a participação dos biocombustíveis nos produtos comercializados nos postos contribui para reduzir a emissão de gases poluentes e, por consequência, a permanência dos derivados de petróleo no mercado mundial.
Albuquerque ressaltou que a política brasileira de biocombustíveis é referência internacional. Ele lembrou que a gasolina comercializada conta com 27% de etanol e o diesel com 13% de biodiesel. Medidas semelhantes, disse ele, já são adotadas em diversos países.
“Essa participação dos biocombustíveis prolonga, de certa forma, a vida dos combustíveis fósseis, porque emitem menos [gases na atmosfera]”, afirmou o ministro.
Crise hidrológica
O ministro apontou as “mudanças climáticas” como a causa da crise hídrica que atingiu o setor elétrico e submeteu o país ao risco de desabastecimento.
“A crise hidrológica é decorrente das mudanças climáticas. Nossa matriz tem uma diversidade e complementaridade muito grande. Nós temos que buscar o equilíbrio, dentro dessa complementaridade.”, afirmou o ministro.
A falta de chuva, desde setembro do ano passado, não ajudou a recuperar o nível dos reservatórios de água das grandes hidrelétricas. Alguns especialistas alegam que os órgãos do setor deveriam ter antecipado as medidas para preservar o volume de água nos reservatórios, com maior geração térmica e acordo para reter água de usinas mais próximas das cabeceiras dos rios.
Albuquerque reconheceu que o sistema elétrico precisa responder melhor à nova dinâmica imposta pelas mudanças climáticas. As autoridades do governo são cobradas a preparar o setor não só para os períodos de seca mais recorrentes, mas também para a geração intermitente das fontes renováveis.
“A nossa energia hidrelétrica corresponde a 65% da nossa matriz, mas nós tivemos crescimento muito grande de disponibilidade de outras fontes, como a eólica e a solar”, afirmou o ministro no fórum.
Mesmo diante da situação delicada, Albuquerque afirmou que busca, com “bastante tranquilidade”, soluções para a crise atual. “Vejo esse momento com serenidade. Nós estamos muito bem organizados. Temos uma governança dentro do setor elétrico, também no governo federal com tantos ministérios necessários para conduzir este desafio que o país passa”, disse. Para ler esta notícia,