Aquilo que esperávamos crescer este ano não vamos crescer, diz Bolsonaro

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Fonte: Valor

O presidente Jair Bolsonaro disse que o país não terá neste ano o crescimento previsto para sua economia por conta da pandemia de coronavírus. E afirmou esperar que “em seis ou sete meses” o país volte à normalidade, depois da crise que está começando a se insalar por conta da covid-19.
“Não há dúvida que teve um tremendo balanço na economia do mundo todo. E aquilo que esperávamos crescer este ano não vamos crescer”, afirmou o presidente, em sua live semanal no Facebook, nesta quinta-feira (19). “Achamos que em três ou quatro meses esse pico do vírus diminuirá. E a partir de seis ou sete meses o Brasil entrará na normalidade.”
Críticas a governadores
Bolsonaro, no entanto, criticou medidas que vêm sendo tomadas por governadores para evitar o alastramento do vírus, como o fechamento de bares, restaurantes, academias e outros estabelecimentos.
“Algumas autoridades estaduais estão tomando medidas, mas quando o remédio é demasiado pode fazer mal para o paciente”, disse o presidente. “As pessoas não podem ficar em casa, têm que buscar o sustento.”
O presidente listou medidas que vêm sendo feitas para mitigar a crise. Disse ter estado com representantes do setor de bares e restaurantes, setor que emprega seis milhões de pessoas, das quais “grande parte está na informalidade”. Citou a ajuda de R$ 200 por pessoa aos trabalhadores informais, anunciada ontem pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. “Serão R$ 200 por pessoa, são R$ 4 bilhões de gasto por mês”, disse Bolsonaro. “Só podemos dar essa ajuda porque o Congresso aprovou a decretação de calamidade pública.”
O mandatário brasileiro explicou que, sob calamidade pública, o país não precisará respeitar os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
O presidente fez referência também à queda da taxa Selic, de 4,25% para 3,75%, anunciada na quartra (18). Segundo o presidente, a medida é positiva porque, a cada 1% a menos da Selic, o país economiza R$ 30 bilhões por ano com o pagamento de juros.

Combustíveis
Bolsonaro disse ainda que o litro da gasolina deveria estar custando R$ 3,50 na bomba, depois de apontar que houve uma queda de 30% no preço na refinaria desde o início do ano. “A gasolina baixou 30% no ano na refinaria; o óleo diesel, 29%; e gás de cozinha, 8%”, disse o presidente. “Quem pagou R$ 5 [o litro] em janeiro deveria estar pagando R$ 3,50 o litro da gasolina.”
Bolsonaro, que vem defendendo a redução do valor do ICMS cobrado sobre os combustíveis, disse não querer “polemizar”. Essa defesa vem colocando o presidente em choque com governadores, uma vez que o ICMS é um tributo estadual.

Fronteira com Uruguai
O presidente afirmou em sua live não ter fechado a fronteira com o Uruguai porque busca um “acordo” com o país vizinho. O presidente, no entanto, não especificou qual seria o acordo.
“Não fechamos com o Uruguai, estamos em comum acordo buscando fazer algo que interesse aos dois países”, disse. “Tenho certeza de que com o novo presidente [Luis Alberto Lacalle Pou] esse acordo será costurado.”
Nesta quinta, o governo anunciou o fechamento de fronteiras terrestres para a entrada de estrangeiros vindos de Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai e Peru. A fronteira com a Venezuela já havia sido fechada.
“São medidas que ajudam a prevenir um pouco da entrada de pessoas possivelmente infectadas no Brasil”, disse Bolsonaro. “O trabalho de todos os países é alongar a curva da infecção. Se [a curva] for muito rápida, não temos como atender todos os pacientes com quartos de UTI.”
O presidente disse que sua grande preocupação é a fronteira seca com a Venezuela, cujo sistema de saúde já estava em colapso antes mesmo da pandemia de coronavírus.

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