Fonte: Jornal do Comércio/RS
O ano que começa gera otimismo dentro do setor do biodiesel. Uma boa parte desse entusiasmo é justificada, pois em março aumentará a adição obrigatória do biocombustível na fórmula do diesel, passando dos atuais B8 (8% na composição) para B10 (10% de participação). Conforme estimativa da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), se forem confirmadas a melhora da economia e as projeções mais entusiasmadas, o Brasil poderá superar pela primeira vez o patamar de 5 bilhões de litros de biodiesel produzidos, chegando a algo próximo de 5,4 bilhões de litros.
O presidente da Aprobio, Erasmo Carlos Battistella, ainda espera a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgar os dados oficiais de consumo, no entanto a entidade estima que no ano passado devem ter sido consumidos em torno de 4,2 bilhões de litros, o que é um resultado ligeiramente superior ao registrado em 2016. Battistella, que também é diretor-presidente da empresa Bsbios, afirma que havia a expectativa de que a economia brasileira registrasse um crescimento maior no primeiro semestre do ano passado, algo que não se concretizou, e na segunda metade de 2017 houve uma leve recuperação. “Encerramos o ano com uma perspectiva razoável, mas não atendida plenamente, imaginávamos que o volume seria maior do que foi”, frisa.
Para 2018, apesar do advento do B10, a retomada de mercado servirá para atenuar a ociosidade do segmento que hoje é estimada em mais de 40%. Para resolver essa questão, Battistella adianta que a Aprobio pretende discutir com o governo federal uma nova elevação do percentual do biodiesel na fórmula do diesel. “Precisamos de uma política de médio prazo para que a gente garanta uma rampa de crescimento, porque caso o contrário em pouco tempo estaremos novamente com uma ociosidade alta e isso não é bom para o setor”, indica. A Aprobio defende que o Brasil pode chegar, em algum momento, até o B20. Battistella reitera que não há uma previsibilidade quanto ao futuro do segmento após a implantação do B10.
O empresário também espera que o País repita uma grande safra de soja para ter suprimento de matéria-prima, já que a oleaginosa é utilizada em mais de 80% da produção brasileira de biodiesel (o restante é oriundo, fundamentalmente, de gordura). O presidente da Aprobio comenta que existem outras oleaginosas com potencial para serem aproveitadas na fabricação de biodiesel. Contudo, a soja representa uma matéria-prima com larga escala e preço competitivo. “As demais, neste momento, são sonhos que infelizmente não se concretizaram como o caso da canola, girassol, pinhão manso e da palma”, aponta. Para Battistella, não houve uma política agrícola clara para desenvolver a diversificação na cadeia do biodiesel através dessas outras culturas.