Fonte: Jornal da Cidade – Bauru | Notícias Bauru | SP
Samantha Ciuffa Preços do etanol e da gasolina têm apresentado grande diferença
Em plena safra da cana-de-açúcar, o preço do etanol vem registrando quedas consecutivas e chegou, na última semana, a 59% do valor do litro da gasolina, confirmando sua considerável vantagem para o bolso dos consumidores. Para se ter uma ideia, na segunda semana de greve dos caminhoneiros, que resultou na crise de abastecimento - inclusive de combustíveis - em todo o País, a relação entre o preço do álcool e da gasolina era de 64%.
O biocombustível, portanto, já era mais vantajoso, já que ele se torna a opção mais econômica sempre que o preço for menor do que 70% do custo da gasolina (veja no final como calcular). O patamar de 59%, contudo, é bastante incomum.
Na semana passada, o preço médio do álcool nas bombas dos postos de Bauru era de R$ 2,488, enquanto o litro do combustível derivado de petróleo custava, em média, R$ 4,211, segundo a pesquisa mais recente realizada pela Agência Nacional do Petróleo Gás e Biocombustíveis (ANP).
No final de maio, quando os caminhoneiros bloqueavam as rodovias do País, o etanol era comercializado a R$ 2,816 e a gasolina, a R$ 4,385. De lá pra cá, a queda nos preços foi, respectivamente, de 11,6% e 4%.
De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro), o custo do álcool foi reduzido em ritmo mais acelerado em razão da safra da cana-de-açúcar, que só se encerra em meados de novembro. "A safra está muito boa neste ano e, como a gasolina também tem (27% de) álcool, o preço também acaba baixando, mesmo que em menor proporção", pontua o presidente José Antônio Reghine.
Porém, como, desde julho do ano passado, a Petrobras adotou uma nova sistemática de formação de preços de seus combustíveis, não é possível dizer que os valores seguirão em queda, ou mesmo estáveis, até o fim do ano. Reghine explica que, para equilíbrio entre oferta e demanda, se houver um novo anúncio de alta do preço da gasolina, dependendo da proporção deste aumento, o litro do etanol também poderá ser majorado nas bombas.
ALTA?
Segundo o site do jornal Valor Econômico, a Petrobras elevaria hoje o preço da gasolina nas refinarias em 0,59%. O custo do litro, para as refinarias, passaria a R$ 2,0369, o maior patamar desde 23 de maio.
Enquanto, nas bombas, os valores continuam em queda, os consumidores aproveitam. Uma procura maior pelo biocombustível foi registrada nas últimas semanas, mas ainda há quem, por falta de opção, tenha de recorrer à gasolina.
Fotos: Samantha Ciuffa Fabiano tem um carro só a gasolina e gasta R$ 400 por mês
É o caso do pintor de veículos Fabiano Silva Carvalho, 40 anos, dono de um Ford Escort fabricado em 1994. Mais antigo, o carro não tem motor flex, o que faz com que ele gaste, por mês, cerca de R$ 400,00 para abastecer.
Wilson tem usado mais o etanol, mas prefere mesmo a gasolina
"Eu rodo muito por causa do trabalho. O preço da gasolina ainda caiu um pouquinho. Cheguei a gastar R$ 130,00 por semana durante a greve dos caminhoneiros. Não tenho condições de trocar de carro, mas seria bom se eu pudesse abastecer com álcool", diz.
Já o empresário Wilson Ignácio de Oliveira, 64 anos, tem aproveitado o momento para encher o tanque de álcool sempre que encontra um posto em que a diferença de preços é significativa. Porém, quando a proporção se aproxima dos 70%, não pensa duas vezes em optar pela gasolina, em razão da rentabilidade e da qualidade que ela oferece.
"Dependendo do posto, o álcool pode ter um índice maior de água e, então, a rentabilidade cai. Não tem como eu controlar ou pedir para fazerem testes. Já a gasolina, salvo raras exceções, é mais confiável, porque o controle é mais rígido", analisa.
Mecânico esclarece dúvidas para a hora da escolha do combustível
A chegada da primeira frente fria neste inverno é apenas um dos alertas para quem tem carro. Com as temperaturas menores, veículos que rodam com etanol - que tem menor poder calorífico - podem apresentar falhas na partida, principalmente depois de muitas horas desligados.
A regra vale até mesmo para os carros mais modernos, com motor flex e sistema de partida a frio, inclusive os que já eliminaram o famigerado tanquinho (que fica dentro do compartimento do motor e é abastecido com gasolina). Quem explica é o mecânico Agnelo Donizete Novo.
"Isso pode acontecer, por exemplo, se a pessoa estava rodando com gasolina, enche o tanque com etanol e anda um pequeno trecho até em casa. O sistema pode não reconhecer a mudança de combustível a tempo e, no dia seguinte, a partida a frio pode não funcionar", explica.
Em razão desta demora na leitura do sistema do veículo, a recomendação é que, sempre que o dono do veículo optar por trocar de combustível, ele percorra ao menos 20 quilômetros. "É preciso consumir o combustível para haver o reconhecimento e o carro voltar a funcionar da maneira mais apropriada. Portanto, é preferível que a troca de combustível seja feita sempre quando você pretende atravessar a cidade ou ir a uma cidade vizinha", orienta.
Outra dica, para os veículos que possuem o reservatório de injeção de gasolina, é enchê-lo sempre com a opção aditivada. "É um combustível que você não vai gastar muito e que vai ficar um tempo no tanquinho. A gasolina aditivada ajuda a manter o sistema limpo, sem impurezas", acrescenta.
Para quem costuma optar pela gasolina pelo receio de o etanol ser mais corrosivo do que a gasolina, o mecânico confirma a diferença entre as substâncias, mas pondera que os veículos que funcionam com motor flex têm estrutura cada vez mais adaptada para suportar os impactos de ambos os combustíveis no longo prazo.
Faça o cálculo
Na hora de abastecer, quem quiser economizar deve considerar o seguinte cálculo. Como a autonomia do veículo com álcool é, em média, 30% menor, para sua utilização ser vantajosa, o preço do litro também precisa ser 30% menor.
Para fazer o cálculo, portanto, basta dividir o valor do litro do álcool pelo da gasolina. Se o resultado for menor que 0,7, compensa abastecer com álcool. Caso contrário, o melhor é optar pela gasolina.