Após Bolsonaro falar que vai notificar por redução na bomba, postos dizem que preço não é tabelado

Petrobras e Acelen são notificadas para que esclareçam aumento de preços dos combustíveis
14/03/2022
Bolsonaro sanciona projeto que determina alíquota única no ICMS de combustíveis
14/03/2022
Mostrar tudo

Segundo sindicatos dos postos, a redução de impostos vai implicar em redução dos preços cobrados do consumidor final

O Globo Online

Após a fala do presidente Jair Bolsonaro de que notificaria postos de combustíveis que não diminuíssem os preços, representantes do setor ressaltaram que os preços provavelmente vão cair, mas que notificações não seriam muito efetivas, já que não há tabelamento para esse tipo de produto.

Paulo Roberto Tavares, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis DF), disse que se houver uma notificação aos postos, a resposta deverá ser a mesma de quando isso aconteceu durante a greve dos caminhoneiros em 2018.

– Das últimas vezes que isso aconteceu, a resposta foi em cima dessa base, o produto não é tabelado. Perante a lei, não há nada que impeça a livre fixação de preços – disse.

No sábado, Bolsonaro afirmou que iria conversar com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para verificar ‘o que já foi feito’ para notificar os postos de que ‘tem que baixar’ o preço do diesel em R$ 0,60.

Essa seria a redução proporcionada pela sanção do projeto que zera a cobrança de PIS/Cofins do diesel até o fim do ano e muda a cobrança do ICMS.

De acordo com Tavares, os preços devem cair por conta dessas duas medidas, mas ele argumenta que se o presidente quisesse uma redução de exatamente R$ 0,60, precisaria aprovar uma lei dizendo isso.

– Notificar é uma coisa, agora exigir que ele repasse é outra. Acho que os revendedores vão repassar, até porque quanto maior preço, menos clientes temos – afirmou.

João Carlos Dal’Aqua, presidente do SulPetro, que representa os postos de combustíveis no Rio Grande do Sul, disse que o repasse da queda nos preços pode levar um tempo, já que depende da renovação dos estoques.

– Assim que houver condições, começarmos a receber preço mais baixo e desovar o estoque, vamos praticar o preço necessário com certeza. Agora, ninguém é mágico de pegar um estoque que existe e vender a um preço menor do que comprou, não tem lei que obrigue a isso. É uma transição que vai ocorrer – ressaltou.

Competição no setor

O presidente do sindicato afirmou que a competição deve garantir que os preços mais baixos sejam repassados. Sobre o possível recebimento de notificação, Dal’Aqua disse que a pressão por preços sempre ‘estoura’ no posto.

– A gente já está acostumado a que essa pressão exista. Quando há esses movimentos radicais como estão acontecendo agora, o único elo em que os órgãos de fiscalização efetivamente atuam é em cima dos postos. Eles não vão nas distribuidoras, na refinaria, ver o que tem de estoque – contou.

Para Rafael Macedo, presidente do Minaspetro, associação do mercado varejista de combustíveis de Minas Gerais, as afirmações do presidente são ‘populistas’ e ressalta que a redução de R$ 0,60 ainda não chegou ao revendedor.

Veja outros momentos em que o preço do petróleo passou de US$ 100

2008, ano de todos os recordes

Em janeiro de 2008, o preço do barril superou a marca de US$ 100 pela primeira vez na história, devido às tensões geopolíticas no Irã, na Nigéria e no Paquistão. Tanto o Brent, referência no mercado europeu e no Brasil, como o WTI, referência nos EUA atingiram seu máximo histórico em 11 de julho: US$ 147,50 o barril do Brent e US$ 147,27 o do WTI.

2008: com falência do Lehman Brothers, preço despenca

Após a falência do banco americano Lehman Brothers, em setembro, e do início da crise financeira internacional, o preço começa a cair, já que os investidores precisam urgentemente de liquidez. Assim, em dezembro de 2008, o Brent já estava sendo negociado a US$ 36,20, e o WTI, a US$ 32,40.

2011 e a revolta no Egito

A barreira dos US$ 100 é novamente rompida em janeiro de 2011, pelo risco de os protestos da revolta no Egito e da Primavera Árabe se espalharem pelos países produtores de petróleo do Oriente Médio. O Egito não é um produtor essencial, mas integra importantes rotas de escoamento, tanto via Canal de Suez como via oleoduto Suez-Mediterrâneo.

2012, embargo do petróleo iraniano

Ano inicia com o barril acima de US$ 100, com as sanções impostas ao Irã, suspeito de usar seu programa nuclear para desenvolver armas nucleares. Em represália, o Irã ameaça interromper suas entregas para a Europa. Grande parte do petróleo dos países do Golfo transita pelo Estreito de Ormuz, passagem que o Irã ameaçava fechar.

De 2012 a 2014, tensões no Oriente Médio

O preço do petróleo bruto passa perto dos US$ 90, o barri,l em junho de 2012, em meio à crise econômica na zona do euro. Até 2014, os preços evoluíram quase continuamente próximo dos US$ 100, sustentados pelo endurecimento das sanções contra o Irã e pelas tensões geopolíticas no Oriente Médio, em particular, pelo conflito na Síria.

– Ainda existe uma pendência de solução nesse sentido. Acho que a redução do imposto federal vai com certeza chegar em algum momento, mas o empresário tem que fazer o cálculo dele pra entender quando chegou pra ele, quando o custo do estoque médio e aí repassar – explicou.

Na visão de Macedo, com as declarações de Bolsonaro, parece que o Ministério de Minas e Energia tem poder de polícia, o que não é o caso.

– Os postos estão sendo pressionados, não só por ministério, pressionado por Procon, polícia, pelo consumidor, entes públicos e ele ainda quer colocar mais uma pressão no elo da cadeia mais fraco. É despropositado – disse.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *