Anfavea defende aumento imediato do imposto de importação sobre carros elétricos

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Valor Econômico

Presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite chama de “alta desenfreada” o resultado das importações, que alcançaram 54 mil unidades no 1º semestre; vieram da China 78%

atracando no Porto de Suape, em Pernambuco, com 5 mil carros — Foto: Reprodução
Na tentativa de um esforço na mobilização por medidas do governo para frear a entrada de carros elétricos e híbridos importados, a direção da Associação dos Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) contou, nesta quinta-feira (4), com reforço de executivos do setor para a divulgação dos resultados do semestre.

O presidente da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom, participou da tradicional entrevista mensal e expôs a sua posição em defesa do aumento imediato do imposto de importação em carros elétricos para 35%, inicialmente previsto para ocorrer em julho de 2026.
“Se você quer vender carro aqui vem jogar aqui”, destacou Possobom, diante de imagem de um campo de futebol, projetada no monitor da sala de reuniões da Anfavea. O executivo referiu-se à entrada dos carros da China. Segundo ele, a Anfavea projeta um volume de importação de 450 mil veículos em 2024. “É muito”, disse.
Estímulos à indústria instalada no país
O executivo defendeu que a indústria instalada no país deveria receber estímulos para, desta forma, produzir internamente o que hoje vem de outros países. Reclamou, ainda, do descompasso entre crescimento da importação e queda das exportações.
A venda externa de veículos somou 165,3 mil unidades, uma queda de 28,3% na comparação com a primeira metade de 2023.
“Temos que ter muito cuidado com o que está acontecendo”, destacou Possobom. “O mercado cresce, mas a produção está igual”, completou.
De janeiro a junho, foi emplacado total de 1,14 milhão de veículos novos, um aumento de 14,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. Somente em junho, o crescimento das vendas alcançou 13,1% na mesma base de comparação, com 214,3 mil unidades. A média diária de vendas, de 10,7 mil unidades, voltou ao nível anterior à pandemia.
Por outro lado, a produção acumulada no semestre – 1,12 milhão de veículos – representou um avanço pequeno, de 0,5% na comparação com o mesmo período de 2023. Em junho, no entanto, o ritmo das linhas de montagem acelerou, com alta de 11,6% e 211 mil veículos.
“Alta desenfreada”
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, chamou de “alta desenfreada” o resultado das importações, que alcançaram 197,6 mil unidades no primeiro semestre. Segundo Leite, vieram da China 78% dessas importações. A participação de marcas chinesas no mercado brasileiro passou de 7% para 26% em um ano.
Os executivos apontaram, ainda, a perda de competitividade na América Latina, onde, segundo eles, os asiáticos entram sem pagar impostos em vários países. Segundo Possobom, metade dos veículos importados pelos vizinhos da América Latina vem da Ásia.
Risco de fechamento de fábricas
Leite mostrou, logo depois, um mapa com a queda de participação do Brasil nas vendas de veículos nos países vizinhos. Em um ano, a fatia brasileira caiu de 8,9% para 5,3% no México, e de 22,6% para 17,0% na Colômbia. “Corremos o risco de esse impacto provocar o fechamento de fábricas no segundo semestre”, destacou o presidente da Anfavea.
No lado dos veículos comerciais, o reforço veio com o presidente da Iveco, Marcio Querichelli. Segundo ele, dois terços dos caminhões vendidos em mercados como Chile, Peru, Colômbia e Equador são de origem asiática.
Num momento de pressão de fabricantes de veículos para que o governo antecipe o aumento do imposto de importação dos modelos elétricos e híbridos, a Anfavea tenta rejeitar qualquer suspeita de dissidências em torno desse tema dentro da entidade. Segundo definido pelo governo brasileiro no fim do ano passado, o aumento do imposto de importação para modelos eletrificados será gradual. Neste mês, o imposto dos puramente elétricos importados subiu para 18% e o dos híbridos importados passou, para 20%.

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