Fonte: G1
Desde que a Petrobras decidiu mudar a sistemática de reajuste do diesel, passando para correções no mínimo quinzenais, uma ala do governo do presidente Jair Bolsonaro já defendia internamente que aumentos no preço do combustível fossem mensais. A preocupação era com o impacto principalmente no bolso dos caminhoneiros, que já vinham reclamando da disparada do diesel neste início de ano.
O tema vinha sendo discutido no Palácio do Planalto. Fez parte inclusive de reuniões com o próprio presidente da República. No mês passado, quando decidiu passar o reajuste para correções no mínimo a cada quinze dias, a estatal já atendia um pedido presidencial depois de o tema ter sido discutido entre Bolsonaro e sua equipe.
Na época, segundo relato de assessores do presidente, a preocupação era evitar repetir os erros cometidos pelo ex-presidente Michel Temer, que chegou a ser alertado de uma possível paralisação dos caminhoneiros mas não agiu. A categoria acabou fazendo uma paralisação de quase duas semanas, que praticamente parou o país.
Agora, às vésperas de um reajuste de 5,74% no preço do diesel, os caminhoneiros reclamaram de novo com o governo. Resultado: Bolsonaro interferiu e a estatal decidiu segurar por mais "alguns dias” o aumento no valor do combustível. Uma interferência que vai gerar desgaste a um governo que diz seguir uma agenda liberal.
Assessores do Ministério da Economia estão apreensivos, porque o tema vai se tornar uma queda de braço dentro do governo. De um lado a equipe econômica. De outro, setores do governo que defendem um reajuste no mínimo mensal e até medidas para atenuar as oscilações de preço dos combustíveis. Uma disputa que não estava previsto num governo liberal na economia.
Para tentar atenuar o desgaste, que já se reflete hoje na queda das ações da estatal, a Petrobras fez questão de anotar no comunicado divulgado ontem, quando anunciou que estava segurando o reajuste, que está mantida a regra de seguir a paridade dos preços internacionais.