Abicom diz que não há espaço para reduzir preços dos combustíveis

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EPBR

A elevada volatilidade dos preços do petróleo e dos combustíveis no mercado internacional impede a Petrobras de reduzir os valores de gasolina e óleo diesel no país. É o que aponta levantamento da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom).
— Os reajustes promovidos pela Petrobras na semana passada fizeram os preços do diesel ficarem acima da paridade internacional. Entretanto, mostra a Abicom, a gasolina já está R$ 0,40 defasada em relação ao mercado externo, e o diesel apresenta defasagem de R$ 0,20. O que cria uma janela para novos aumentos.
– “As janelas, tanto para diesel quanto para gasolina, já estão totalmente fechadas. Não existe possibilidade de a Petrobras reduzir preços, como ela tem sido pressionada. Pontualmente, por muito pouco tempo, o preço do diesel ficou acima da paridade. Voltou a ter espaço para novo aumento, que eu acredito também que não é o momento. Tem de esperar uma estabilização maior”, disse à epbr o presidente da Abicom, Sergio Araujo.
— A pressão pela queda dos preços ganhou reforço do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), que cobrou da Petrobras um recuo no aumento dos combustíveis da semana passada, em razão da queda do preço do petróleo.
— “Não precisava ter dado a aumento que deu, do tamanho que deu, de uma vez só. O barril sobe a gente aumenta, e o barril baixa a gente mantém? É preciso que a Petrobras recue o preço e o aumento que deu”, cobrou Lira.
— Defendeu subsídios aos combustíveis por categorias profissionais, como motoristas de aplicativos, motoboys e caminhoneiros. E disse que o contexto da guerra da Ucrânia exige sensibilidade política e, mesmo em ano de eleição, determinados setores são mais vulneráveis à elevação dos preços.
— “Acho que um subsídio amplo atende quem pode arcar com a inflação no mundo e a gente tem que privilegiar quem não pode [arcar com esse aumento].”
— Em relação ao PL 1472/21, que cria um fundo de estabilização dos preços e foi aprovado no Senado semana passada, o presidente da Câmara afirmou que ainda “está fora do radar”. Agência Câmara
— Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) manteve sua artilharia contra a Petrobras e contra o presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna. Em entrevista à TV Ponta Negra, do SBT, nessa quarta (16/3), afirmou que a Petrobras cometeu um “crime” contra a população ao não ter esperado um dia para realizar o reajuste de preços dos combustíveis. E que “é impagável o preço dos combustíveis no Brasil” e que a “Petrobras não colabora com nada”.
— Bolsonaro ainda disse que, por ele, a empresa “poderia ser privatizada hoje” para “ficar livre do problema” e repetiu que a companhia se transformou na “Petrobras Futebol Clube” e que “o clubinho lá de dentro só pensa neles”. Correio Braziliense
— O presidente admitiu que soube com antecedência do reajuste e que pediu à estatal para atrasar a medida em um dia, para depois da votação do PLP 11/20, que alterou o ICMS dos combustíveis, mas não foi atendido. Estadão
— Mas, apesar de constantemente se isentar em relação à escalada dos preços dos combustíveis, Bolsonaro foi apontado como responsável pelo aumento por 86% das manifestações no Twitter sobre o tema, aponta levantamento realizado pelo estúdio de análise de dados Novelo Data. Estadão
— Na linha de defesa de Silva e Luna e da Petrobras, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse que a tendência é de que os preços dos combustíveis caiam nos próximos dias, mas que o litro da gasolina deverá se manter acima de R$ 6. R7
– A verdade sobre o nível de produção das refinarias da Petrobras, por Rodrigo Lima e Silva. O diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras diz que refinarias da empresa já operam com capacidade máxima, considerando as condições adequadas de produção, segurança, rentabilidade e logística
– Verdade inconveniente: ociosidade do refino como instrumento para aumentar preços da gasolina. Coordenador da assessoria técnica da Liderança do Novo na Câmara dos Deputados, Ricardo Borges Gomide aponta que a ausência de concorrência no refino pode gerar controle da ociosidade dos parques por governos

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