O Estado de São Paulo
Empresa estatal mantém inalterado o preço da gasolina há 258 dias e o do diesel, há 52; queda na cotação do petróleo na semana passada favoreceu as importações dos dois produtos
A gasolina e o diesel vendidos pela Petrobras continuam com o preço mais caro do que no Golfo do México, onde se localizam refinarias norte-americanas usadas como parâmetro pelos importadores, informa o relatório da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), feito em parceria com a Stonex.
Com base no fechamento da sexta-feira, 21, os preços da gasolina e do diesel estão em média 2% acima do mercado internacional nas refinarias da Petrobras, enquanto na Refinaria de Mataripe, na Bahia, que pratica a política de paridade de importação (PPI), os preços internos desses combustíveis estão mais baixos do que os externos.
A Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, aumentou o preço da gasolina em 0,6% no último dia 20 e reduziu o do diesel S-10 em 1,4% e o S-500 em 4,2%. Com isso, o preço do diesel no polo importador de Aratu, na Bahia, está com defasagem de 3% em relação ao mercado internacional, e de 1% no caso da gasolina na mesma comparação.
Durante o atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por orientação do governo, principal acionista da Petrobras, a estatal abandonou a política de paridade internacional como referência para os preços em suas refinarias. Com isso, não altera o preço da gasolina há 258 dias e o do diesel, há 52.
O preço do petróleo na semana passada favoreceu as importações dos dois produtos e, segundo a Abicom, as janelas de importação continuam abertas. Esta semana, porém, a commodity (matéria-prima cotada em dólar) esboça recuperação.
Petróleo sobe após fala de Trump sobre a Venezuela
Os contratos futuros do petróleo fecharam o pregão nesta segunda-feira em alta, puxados pelo anúncio de que os Estados Unidos irão impor tarifas secundárias de 25% sobre as importações de países que comprarem petróleo e gás da Venezuela.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para maio subiu 1,22% (US$ 0,83), fechando a US$ 69,11 o barril. O Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 1,06% (US$ 0,76), alcançando US$ 72,37 o barril.
A ameaça do presidente Donald Trump elevou os preços futuros do petróleo, que já vinham estendendo os ganhos da semana passada com as expectativas sobre uma nova rodada de conversas entre autoridades russas e americanas acerca de um possível cessar-fogo mais amplo na Ucrânia.
“Não acho que esses barris (venezuelanos) desaparecerão do fornecimento global, mas eles definitivamente vão custar mais do que no passado e provavelmente forçarão um redirecionamento do petróleo global”, diz Robert Yawger, do Mizuho, Embora muitos compradores tenham se afastado do petróleo iraniano, “não tenho certeza se eles querem fazer o mesmo com os fluxos venezuelanos”, acrescenta.
A decisão também pode afetar as refinarias dos EUA, que já enfrentam tarifas sobre importações de petróleo bruto do Canadá e do México, observa Yawger.
Os EUA importaram cerca de 228 mil barris por dia de petróleo venezuelano em 2024, segundo a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês), uma agência do Departamento de Energia dos Estados Unidos. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) estimou a produção da Venezuela em 918 mil barris diários em fevereiro, com base em fontes secundárias.
No início deste mês, o governo americano deu até 3 de abril para a Chevron encerrar suas operações na Venezuela, embora tenha sido mencionado, na semana passada, que a administração estava considerando estender a licença da petroleira enquanto avaliava a possibilidade de impor tarifas sobre os compradores de petróleo venezuelano.