FONTE: FOLHA DE S. PAULO ONLINE
O setor sucroenergético esperava preços e rentabilidade bons neste ano. Nada disso está acontecendo.
O valor do açúcar cai no mercado internacional, e o etanol, com o recuo do preço da gasolina, não é competitivo no mercado interno.
Dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), com base em informações da ANP, indicam que apenas 36% da frota de carros do país está localizada em áreas cujos preços do etanol são mais vantajosos do que os da gasolina.
No mesmo período de 2016, metade da frota nacional já podia utilizar o etanol com preços mais favoráveis do que os do derivado do petróleo.
O ano de 2016 foi um período rentável, e o setor renovou canaviais para esta safra, adubou melhor e investiu mais em máquinas.
A recuperação durou pouco, principalmente devido à atual política de preços da Petrobras de acompanhar a variação do petróleo no mercado externo, uma medida sempre solicitada pelo próprio setor sucroenergético.
Quando o petróleo estava em alta no mercado internacional, o governo manteve os preços da gasolina artificialmente estáveis e retirou a Cide (o imposto dos combustíveis).
O etanol perdeu o momento ideal de ser competitivo, e o setor viveu um período longo de crise.
A nova política do governo de seguir os preços internacionais do petróleo ocorre em um momento de baixa dos preços externos do petróleo.
Com isso, a gasolina cai de valor, a taxa de imposto não foi reposta e o etanol continua sendo pouco competitivo. O combustível acaba influenciando também os preços do açúcar.
"É um cenário preocupante", diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica. "Este seria um período de ajuste de liquidez e redução do endividamento no curto prazo", afirma.
A safra está dentro da normalidade. O clima ajudou o desenvolvimento das plantas, e a produtividade cresceu.
"A rentabilidade tanto dos produtores de cana como da indústria, no entanto, não veio", afirma.
O primeiro contrato futuro do açúcar fechou a 13,72 centavos de dólar na Bolsa de commodities de Nova York nesta quarta-feira (5), 34% abaixo do valor de igual período do ano passado.
Já o preço do litro de etanol hidratado foi negociado a R$ 1,29, em média, na semana passada na porta das usinas. Há um ano, o valor era de R$ 1,45, conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
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Abaixo - As condições das lavouras americanas de soja e de milho continuam com patamares inferiores aos do ano passado, conforme dados desta quarta-feira (5) do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Milho - A soma das condições "boa e excelente" é de 68% neste ano, abaixo dos 75% de igual período de 2016. No caso da soja, o patamar atual é de 64%, abaixo dos 70% de 2016.
Café - Metade do volume estimado para este ano já foi colhido, segundo a Safras & Mercado. Ou seja, 25 milhões de sacas já saíram das lavouras para os armazéns.
Árvores plantadas - As exportações desse setor somaram US$ 3,3 bilhões de janeiro a maio, 3% mais do que em igual período do ano passado.
Celulose - A produção nacional atingiu 8 milhões de toneladas até maio, superando em 5% a de igual período de 2016, segundo informações da IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores).
Força da pecuária - Esse setor impediu o PIB (Produto Interno Bruto) agropecuário de registrar queda ainda maior em Minas Gerais no primeiro trimestre deste ano.
Números - Segundo pesquisadores do Cepea, a pecuária subiu 1% no trimestre, enquanto o ramo agrícola caiu 2,33%. O PIB médio do agronegócio do Estado caiu 0,85% no período.